Por Peter Amsterdam
Fevereiro 5, 2025
[1 Corinthians: Chapter 7 (verses 1–16)]
Nos capítulos anteriores, Paulo abordou problemas entre os coríntios que haviam chegado ao seu conhecimento, como questões de sexualidade, pecado e divisões na igreja. Agora, neste capítulo, ele responde a perguntas específicas que lhe enviaram em uma carta anterior.
Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram, é bom que o homem não toque em mulher, mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa e cada mulher o seu próprio marido(1 Coríntios 7:1,2).
O fato de os coríntios terem dúvidas sobre esse assunto revela que havia divisões entre eles. Enquanto alguns justificavam a prostituição (1 Coríntios 6:12-20), outros acreditavam que o ideal seria não se casar, e ainda havia aqueles que viam as relações sexuais como algo negativo. A afirmação é bom que o homem não toque em mulher parecia sugerir que a abstinência era a melhor escolha para todos. Embora alguns estudiosos argumentem que essa era a visão de Paulo, a maioria discorda dessa interpretação.
Considerando o profundo conhecimento de Paulo sobre as Escrituras do Antigo Testamento, que apresentam o casamento e os filhos como bênçãos de Deus, é improvável que ele tenha defendido o celibato como regra. Ele compreendia que o próprio Deus instituiu o casamento para o bem da humanidade.
Longe de ver as relações sexuais como algo negativo, Paulo ensina que cada homem deve ter sua própria esposa e cada mulher, seu próprio marido. Não era um incentivo ao casamento, mas uma reafirmação da importância de os casados preservarem a intimidade conjugal.
Além disso, Paulo adverte que a tentação para a imoralidade sexual era grande, referindo-se possivelmente à prostituição (6:15,16) e ao incesto (5:1), problemas existentes na igreja em Corinto. Enquanto alguns se entregavam a tais práticas, outros pregavam a abstinência até mesmo dentro do casamento. Diante disso, Paulo ressalta o importante papel do casamento na proteção contra as tentações da imoralidade.
O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher (1 Coríntios 7:3,4).
Alguns cristãos coríntios aparentemente adotaram a ideia de que qualquer tipo de relação sexual, mesmo dentro do casamento, deveria ser evitada. Ao esclarecer o dever conjugal entre marido e mulher, Paulo se opõe diretamente a essa visão. Destaca que o marido e mulher têm responsabilidades sexuais mútuas— o que a Nova Versão Internacional traduz como “deveres conjugais”. Nenhum dos dois tem o direito de se recusar ao outro sem uma justificativa válida.
Com sabedoria, Paulo expressa seu ponto de vista: o corpo da esposa não pertence apenas a ela, mas também ao marido; da mesma forma, o corpo do marido não pertence apenas a ele, mas também à esposa. Ambos possuem autoridade sobre o corpo um do outro.
Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio. Digo isso como concessão, e não como mandamento (1 Coríntios 7:5,6).
Idealmente, os cônjuges cristãos não deveriam privar um ao outro da intimidade conjugal, exceto por mútuo consentimento e por um período determinado, a fim de se dedicarem à oração. No Antigo Testamento, havia momentos de práticas religiosas especiais, como o jejum, que incluíam a abstinência sexual (1 Samuel 21:4,5). No entanto, após esse período de oração e abstinência, os casais deveriam retomar sua vida conjugal normal, para que Satanás não os tentasse a buscar relações ilícitas. A intenção de Paulo não era impor períodos de abstinência nem incentivar que os casais se privassem mutuamente.
Gostaria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro(1 Coríntios 7:7).
Ao dizer que desejava que os outros fossem como ele, Paulo aparentemente se referia ao fato de ser solteiro. Pouco se sabe sobre sua história matrimonial, mas alguns estudiosos sugerem que ele pode ter sido casado antes de sua conversão, já que os rabinos, posição que ele ocupou, geralmente eram casados. De qualquer forma, quando escreveu esta carta, Paulo era solteiro e reconhecia certas vantagens nessa condição, chegando a descrevê-la como uma dádiva.
Paulo também entendia que Deus não chama todos para a vida celibatária. Cada pessoa recebe de Deus um dom específico: a uns, Ele concede o chamado para o casamento; a outros, o chamado para permanecer solteiro. Ao destacar que Deus distribui diferentes dons a cada indivíduo, Paulo elimina qualquer reprovação que pudesse recair sobre aqueles que escolheram o matrimônio.
Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: É bom que permaneçam como eu(1 Coríntios 7:8).
Paulo então se dirigiu aos solteiros e viúvos, aconselhando-os a permanecerem sem se casar. Sua perspectiva não contradizia o que foi estabelecido em Gênesis, onde o casamento é apresentado como um padrão na Criação —natural, adequado, geralmente benéfico para as pessoas e uma parte central do plano de Deus para a realização humana (Gênesis 1:27,28). No entanto, Paulo também reconhecia que, em determinadas circunstâncias, o celibato poderia ser mais vantajoso que o casamento. Para ele, tanto o matrimônio quanto a vida solteira eram “dádivas”.
Mas, se não conseguem controlar-se, devem casar-se, pois é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo (1 Coríntios 7:9).
Embora Paulo considerasse que permanecer solteiro, como ele, fosse o ideal, ele sabia que a maioria das pessoas não seguiria esse caminho. Sem o casamento, seria possível uma dedicação mais exclusiva à obra do Senhor, mas Paulo reconhecia que essa não era a norma. Por isso, aconselhava viúvos e solteiros a se casarem caso não conseguissem exercer autocontrole.
Aos casados dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seu marido. Mas, se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então, reconcilie-se com o seu marido. E o marido não se divorcie da sua mulher(1 Coríntios 7:10,11).
Paulo agora aborda o tema do divórcio entre dois crentes, começando por afirmar que essa instrução estava autorizada por Jesus. Como apóstolo, Paulo estabeleceu diretrizes para a igreja, e embora não precisasse apelar diretamente ao Senhor (não sou eu, mas o Senhor), ele o faz aqui para conferir maior autoridade às suas palavras.
Ele estabeleceu a política geral a ser seguida: a esposa não deve se separar do marido. Em seguida, direcionou uma instrução aos homens: o marido não deve divorciar-se de sua esposa. O termo “separar”, usado aqui, é equivalente ao divórcio. Assim, tanto esposas quanto maridos não deveriam se separar ou se divorciar de seus cônjuges. Jesus declarou a imoralidade sexual como uma causa legítima para o divórcio (Mateus 19:9), e Paulo acrescentou que o abandono também constitui motivo para o divórcio (1 Coríntios 7:15). Levando em consideração essas duas exceções, Paulo foi claro ao afirmar que os crentes não deveriam se divorciar.
Sabendo que o divórcio ocorria mesmo entre os crentes, Paulo apresentou duas opções para o caso de um divórcio ilegítimo: permanecer solteiro ou se reconciliar com o cônjuge original. Não discorreu sobre o que fazer caso a tentativa de reconciliação fosse rejeitada.
Aos outros, eu mesmo digo isto, não o Senhor: Se um irmão tem mulher descrente e ela se dispõe a viver com ele, não se divorcie dela. E, se uma mulher tem marido descrente e ele se dispõe a viver com ela, não se divorcie dele(1 Coríntios 7:12,13).
Ao abordar a situação dos crentes casados com não-crentes, Paulo destaca que expressava seu entendimento pessoal sobre o tema, não um ensinamento direto de Jesus. Contudo, isso não diminui a autoridade de suas palavras, pois, como apóstolo, ele falava em nome do Senhor. Estava apenas ressaltando que, tanto quanto era de seu conhecimento, Jesus não havia Se pronunciado sobre casamentos entre crentes e não-crentes.
Paulo ensinou que os cristãos não deveriam se divorciar de seus cônjuges não-crentes, caso estes estivessem dispostos a viver com eles. Embora as diferenças religiosas pudessem gerar tensões entre os casais, Paulo deixou claro que essas diferenças não eram, necessariamente, motivos legítimos para o divórcio.
Pois o marido descrente é santificado por meio da mulher, e a mulher descrente é santificada por meio do marido. Se assim não fosse, seus filhos seriam impuros, mas agora são santos (1 Coríntios 7:14).
Paulo apresentou dois argumentos para explicar esse entendimento. Afirmou que o não-crente é santificado por meio do cônjuge crente. A expressão santificado ou santificada significa ser tornado especial ou separado para o uso ou propósito de Deus. Isso não significa que esses não-crentes foram remidos, ou não seriam chamados de não-crentes. Em vez disso, por meio de seus cônjuges crentes, os cônjuges não convertidos participam da comunidade do povo de Deus.
Cada casamento é uma situação singular. Alguns não-crentes eventualmente se converterão pelo testemunho de seus cônjuges, enquanto outros não responderão a essa influência. Se nada mais, porém, os não convertidos têm contato com o evangelho e a influência cristã de uma maneira que outros jamais terão.
Paulo assume um princípio que é encontrado em toda a Bíblia: os filhos dos crentes são especiais aos olhos de Deus, embora não sejam redimidos. O termo “santo” tem a mesma raiz de “santificado” usado anteriormente neste versículo. Apesar de não serem, esses filhos são considerados herdeiros da relação que seu pai ou mãe crente tem com Deus.
Todavia, se o descrente separar-se, que se separe. Em tais casos, o irmão ou a irmã não fica debaixo de servidão; Deus nos chamou para vivermos em paz (1 Coríntios 7:15).
Embora houvesse a possibilidade de o cônjuge não-crente ser influenciado em tais casamentos mistos, Paulo sabia que, frequentemente, os não-crentes não desejavam permanecer no casamento. Por isso, acrescentou que, caso o cônjuge não-crente escolha partir, o crente deve permitir que isso aconteça. Em circunstâncias assim, os crentes não são obrigados a manter o casamento.
Você, mulher, como sabe se salvará seu marido? Ou você, marido, como sabe se salvará sua mulher?(1 Coríntios 7:16)
Paulo pediu que os crentes exercessem muita consideração ao decidirem se divorciar de um cônjuge não-crente. Não podemos saber como Deus usará alguém na vida de um cônjuge não-crente. Muitas vezes, um marido ou esposa crente se torna o meio pelo qual alguém é levado à fé.
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução NVI.
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