As Duas Festas

Por Maria Fontaine

Outubro 15, 2011

Quero contar para vocês duas histórias de duas festas nada comuns, às quais o Personagem mais poderoso deste mundo compareceu por meio de um dos Seus representantes, Tony Campolo,[1] e deu a todos um presente precioso e totalmente diferente de tudo o que jamais haviam recebido.

A primeira festa foi espontânea, durante uma viagem de Tony Campolo ao Haiti para cuidar de assuntos do trabalho missionário. Ele estava entrando no hotel quando foi abordado por três adolescentes.

A garota do meio disse, “Olha, por dez dólares o senhor pode passar a noite toda comigo.” Atônito com o que ouviu, virou-se para outra garota que a acompanhava e perguntou, “Posso ficar com você por dez dólares também?” ela concordou. Então Tony fez a mesma pergunta à terceira garota e obteve a mesma resposta.

“Ótimo! Eu tenho trinta dólares! Apareçam daqui a meia hora no apartanento 210. Vou pagar a vocês e quero passar a noite toda com as três!

Correu para o quarto e logo ligou para a recepção. “Poderia, por favor, enviar todos os vídeos de cartoon da Disney para o apartamento 210?”

Depois disso, ligou para o restaurante e pediu quatro banana splits: “Gigantescas e caprichadas! Com mais chantily, mais cobertura de chocolate, e mais xerém!”

Meia hora depois chegaram os vídeos e as três garotas, e então a banana split. Sentadas na beirada da cama, devorando as banana splits e curtindo cada filme, elas ficaram ali até mais ou menos uma hora da manhã, quando a última caiu no sono. Deve ter sido a melhor festa da vida delas, ou, quem sabe, a única festa da qual tinham participado até então!

Observando aquelas figuras franzinas na cama, Tony pensava, “Nada mudou. Amanhã elas vão estar de volta nas ruas vendendo seus corpos por dez dólares por programa, porque sempre haverá homens depravados e nojentos destruindo a dignidade de garotinhas por dez dólares por noite.”

Então o Espírito falou com ele. “Mas por uma noite, Tony, você lhes deu a oportunidade de serem crianças novamente. Não mudou suas vidas, mas por uma noite lhes devolveu a infância.”[2]

É triste essas coisas existirem no mundo, mas servem de lembrete de que sempre podemos fazer algo, mesmo que simples, para tocar uma vida com a esperança de um futuro melhor no reino de Deus. Estou convencido que aquela noite fez a diferença na vida das garotas e em seus espíritos, que elas sentiram o amor de Jesus de uma maneira linda que jamais esquecerão. Aquela gentileza inédita foi a sementinha de amor plantada em suas vidas que causaria alguma mudança, se não nas circunstâncias, com certeza no coração e no espírito de cada menina. Se nunca tinham sido amadas, a partir daquele momento ficaram sabendo que existia amor verdadeiro.

Apesar de Tony não ter dito isto, eu, conhecendo sua vida e ministério, tenho quase certeza que aquelas garotas encontraram o caminho para Jesus naquela noite, que O aceitaram em seus corações e realmente mudaram no aspecto mais importante. Não importa o que lhes aconteça nesta vida, Jesus sempre estará ao seu lado, ajudando-as a suportar, mesmo que não percebam. E no final desta breve vida elas serão acolhidas nos maravilhosos braços de Jesus, quando tudo ficará certo — para sempre! Então, será que valeu a pena? Sem dúvida! Foi uma grande vitória!

A outra festa mencionada por Tony foi no Havaí.  Chegara a Honolulu já tarde da noite, morrendo de fome. Às 3h30m, tudo estava fechado, exceto uma lanchonete em uma travessa, “um daqueles lugares esquisitos que merecem ser chamados de copo sujo’. Não querendo tocar o cardápio imundo, ele pediu uma xícara de café e um sonho.

O sossego da madrugada foi quebrado pela chegada de oito ou nove prostitutas escandalosas, vestidas provocantemente – e que deixaram Tony muito constrangido.

O local era pequeno e o papo entre elas era grosseiro e em alto volume. Sentindo-se totalmente desambientado e pronto para sair, Tony parou subitamente ao ouvir a mulher ao seu lado dizer, “Amanhã é o meu aniversário. Vou fazer trinta e nove anos.”

Sua “amiga” respondeu com um tom irônico, “O que você quer de presente? Quer que eu faça uma festa? O que você quer? Quer que eu providencie um bolo e cante os parabéns?”

“Qual é!?" Disse a garota sentada perto de Tony. "Não precisa me tratar assim! Eu só estava mencionando que é o meu aniversário. Você tem que me ofender? Não quero nada de você. Por que haveria você de organizar uma festa para mim? Eu nunca tive uma festa de aniversário em toda a minha vida, por que haveria  de ter uma agora?”

Esse diálogo fez Tony mudar de planos. Esperou todas saírem e foi perguntar ao atendente se elas frequentavam o local todas as noites. A resposta foi positiva.

“Aquela que estava sentada ao meu lado vem todas as noites?”

“Vem!” ele afirmou. “Ela se chama Agnes. Vem todas as noites. Por quê?”

“Porque a ouvi dizer que amanhã é seu aniversário. O que você acha de fazermos uma festa para ela aqui mesmo amanhã à noite?”

Esboçando um sorriso, Harry, o gorducho dono do estabelecimento ficou todo entusiasmado com a ideia. “Ótimo! Gostei da ideia!” disse ele. Chamando a esposa que estava na cozinha, nos fundos, explicou, “Este cara teve uma ótima ideia. Amanhã é o aniversário da Agnes e ele nos convidou para fazer uma festa para ela aqui mesmo à noite!”

A esposa, obviamente feliz com a possibilidade, exclamou, “Maravilha! Sabe, a Agnes é o tipo de pessoa simpática e gentil, mas ninguém nunca faz nada por ela!”

“Olha, se estiver bem com vocês, volto amanhã às 2h30 da madrugada para decorar o salão. Vou até comprar um bolo de aniversário!”

“Absolutamente!” disse Harry. “O bolo é por minha conta. Pode deixar que eu faço.”

Às duas e meia da manhã, Tony estava de volta à lanchonete com enfeites de papel crepom comprados na loja e um cartaz feito de pedaços grandes de papelão onde estava escrito, “Feliz Aniversário, Agnes!”. O local ficou lindo depois de todo enfeitado.

Pelo jeito a notícia se espalhou, porque às 3hs15m a impressão era que todas as prostitutas de Honolulu haviam comparecido. O lugar estava abarrotado de prostitutas… e Tony no meio!

Às três e meia em ponto, a porta da lanchonete se abriu e entrou Agnes com sua amiga. Tony tinha ensaiado com todos para gritarem juntos “Feliz Aniversário!”.

Agnes era a pessoa mais atônita… estupefata… e chocada que já vira! Ela ficou de queixo caído e as pernas tremiam um pouco. Sua amiga a apoiou pelo braço e a acompanhou até um dos bancos no balcão, quando então todos cantaram os “Parabéns” para a aniversariante. Quando Agnes viu o bolo com as velas, ela desmoronou de vez e começou a soluçar. Recompondo-se, olhou para o bolo e disse vagarosa e docemente, “Harry, tudo bem se eu... você deixa... olha, queria pedir pra você... posso ficar com o bolo um pouco? Em outras palavras, podemos esperar um pouco antes de partir o bolo?”

Dando de ombros, Harry respondeu, “Claro! Sem problema. Pode ficar com o bolo; pode levar para casa.”

“Verdade?” ela perguntou. Virando-se então para Tony, explicou, “Eu moro aqui pertinho, só umas duas casas para baixo, nesta rua mesmo. Quero levar o bolo pra casa e mostrar para a minnha mãe. Volto num instante. Juro!”

Agnes levantou-se e, carregando o bolo como se fosse a maior riqueza, caminhou devagarinho até à porta. Todos observavam a cena imóveis.

Quando a porta se fechou, o local foi tomado por um silêncio pesado. Sem saber o que fazer, Tony quebrou o silêncio sugerindo uma oração.

Ele orou por Agnes; por sua salvação, por uma mudança de vida, e que Deus cuidasse bem dela, e também para que todos ali recebessem Jesus. Quando terminou, Harry, inclinando-se sobre o balcão, disse, “Ei! Você não tinha dito que era um pregador. Que tipo de igreja você frequenta?”

Foi um daqueles momentos quando as palavras exatas são expressas, e Tony respondeu, “Sou de uma igreja que faz festas de aniversário para putas às três e meia da manhã.”

Harry parou um pouco, e respondeu, “Que nada! Não existe igreja assim, porque se existisse, eu ia virar membro. Eu me tornaria membro desse tipo de igreja!

Tony resumiu a história da seguinte maneira. “Todos nós, eu acho. Todos nós adoraríamos frequentar uma igreja que faz festas para putas às três da manhã, não acham? Ora, é o tipo de igreja que Jesus veio criar. Ele não sabe de onde tiramos aquele outro tipo, todo certinho e de nariz empinado. Mas qualquer pessoa que ler o Novo Testamento vai conhecer um Jesus que adorava fazer festas com putas e um monte de excluídos. Os publicanos e pecadores amavam Jesus porque curtia com eles. Os leprosos da época viram que Jesus comia e bebia junto com eles. Enquanto as pessoas piedosas não conseguiam entender ou se identificar com o que Jesus realmente era, os solitários que normalmente não eram convidados para nenhuma festa O seguiam todo animados. O nosso Jesus era e continua sendo o Senhor das festas e da curtição.”

Refletindo no acontecido, Tony comentou, “Agora parece estranho um sociólogo guiar uma reunião de oração com um bando de prostitutas em uma lanchonete em Honolulu às três e meia da manhã. Mas naquele momento parecia ser exatamente o certo a fazer.”[3]

Eu acho que experiências como estas de Tony oferecem aspectos muito importantes na ministração para aqueles que Jesus disse ter vindo buscar e salvar. Comecei a pensar, por exemplo, “Por que as pessoas fazem festas? O que me impediria de fazer uma festa parecida com essas duas mencionadas? Talvez me sentisse um peixe fora d’água ou sem graça nesse tipo de situação. Mas por quê? O que nos impede de nos colocarmos no nível de outra pessoa? O que nos impediria de fazer algo “fora do normal”? Porventura seria mais fácil fazer coisas diferentes se isso já fosse um hábito? Eu tenho certeza que se Jesus estivesse aqui em pessoa, haveria grandes chances de Eu encontrá-lO em uma situação parecida com essas — fazendo uma “festa” para pessoas que nunca tinham tido uma festa!

É maravilhoso saber que o Seu amor através de vocês vai fazer uma grande diferença na vida de muitas pessoas solitárias aí onde vocês se encontam.


[1] Vou usar algumas histórias de Tony Campolo nas minhas postagens, pois são uma grande inspiração. No prefácio do seu livro ele escreveu: “Sintam-se à vontade para usar estas histórias quando for conveniente. ... gostaria que colocassem o devido crédito, mas seria um encorajamento para o meu ministério saber que essas histórias estão sendo usadas para disseminar a verdade e ilustrar e dar mais vida às mensagens dos que desejam divulgar o Evangelho." Na minha opinião, essas histórias fazem exatamente isso, razão pela qual estou passando para vocês.

[2] Do livro Let Me Tell You A Story, (Quero Contar uma História) de Tony Campolo (Thomas Nelson, 2000); adaptado por Maria Fontaine.

[3] Do livro Let Me Tell You A Story, (Quero Contar uma História) de Tony Campolo (Thomas Nelson, 2000); adaptado por Maria Fontaine.

Tradução Hebe Rondon Flandoli, revisão Denise Oliveira.

 

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