As Disciplinas Espirituais: Serviço

Por Peter Amsterdam

Setembro 2, 2014

Duração do áudio (Português): 16:37

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[The Spiritual Disciplines: Service]

Ao entrar no mundo, o próprio Jesus Se anulou e assumiu a forma de servo.[1] Como Ele, nós, cristãos, somos chamados para servir nossos irmãos e irmãs na fé, assim como os outros. Esse serviço é uma forma de deixar nossa luz brilhar diante dos homens o que, por sua vez, glorifica Deus.[2] Todo serviço cristão é uma parte bonita e importante do nosso amor por Deus. Muitos cristãos realizam uma grande variedade de serviços, mas todo serviço que honra Deus é um serviço digno de honra.

Neste artigo, tratarei do serviço especificamente enquanto disciplina espiritual, em vez de escrever sobre o serviço cristão em geral. Essa disciplina espiritual é praticada tanto para servir os outros quanto como um meio de nos assemelharmos mais a Cristo, a exemplo das demais disciplinas espirituais.

Exemplos

Ao servir, no contexto de uma disciplina espiritual, a pessoa escolhe uma forma específica de serviço que ajuda a fortalecer uma área da vida que precisa ser fortalecida. Um executivo que está acostumado a comandar e dar ordens pode, por exemplo, ajudar sua igreja ou se juntar a um esforço de alimentar os pobres em uma posição subordinada, seguindo a orientação dos outros, para especificamente combater seu orgulho, ou sua natureza controladora e intimidadora. Alguém que sempre quer atenção pode escolher servir os outros anonimamente. Uma pessoa egoísta quando se trata do seu tempo pode se comprometer passar um determinado número de hora por semana servindo quem precisa.

O serviço é uma disciplina quando se tem uma meta dupla — ajudar os outros e ajudar a si próprio a superar algum aspecto em sua vida que possa estar limitando seu crescimento espiritual. Nem todo serviço pode ser realizado na forma de disciplina espiritual e muitas vezes serviremos por nenhum outro propósito que não o amor pelo Senhor e pelos outros. Contudo, os que buscam crescimento espiritual, capacitação e fortalecimento podem encontrar no serviço um meio belo e abnegado para atingir esses objetivos.

Dallas Willard expressou da seguinte maneira:

Na disciplina de serviço mobilizamos nossos recursos e talentos na promoção ativa do bem-estar dos outros e em favor das causas de Deus em nosso mundo. É importante estabelecer aqui uma importante distinção: nem todo ato que pode ser feito como uma disciplina precisa ser feito como uma disciplina. Muitas vezes, posso servir os outros simplesmente como um ato de amor e justiça, sem me preocupar com como isso pode melhorar minhas habilidades enquanto seguidor de Cristo … Mas também posso servir aos outros como uma maneira de aprender a me afastar da arrogância, do materialismo, do ressentimento e da avareza. Nesse caso, meu serviço é realizado como  uma disciplina para a vida espiritual.[3]

Motivação

A motivação para o serviço, quer enquanto disciplina, quer no curso de nosso dia a dia, pode ser encontrada nas Escrituras. Somos motivados por:[4]

Quando somos motivados a servir por gratidão, alegria, humildade e amor por Deus e pelos outros, então independentemente de o serviço ser ou não uma disciplina, é algo que faremos de boa vontade e teremos prazer em servir independentemente da situação ou por qualquer meio que Ele nos apresentar — seja algo empolgante e extraordinário, ou simples e comum. Sem dúvida, alguns tipos de serviço são muito mais gratificantes e costumam ser mais inspiradores para quem os faz, mas o nível de emoção não deve fazer diferença assim como o papel que se desempenha não deve importar.

Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus assumiu a função de um escravo. Em Seus dias, somente os escravos menos qualificados lavavam os pés dos que vinham à casa de alguém. Naquela noite, no cenáculo, Jesus — que havia curado multidões, expulsado demônios, acalmado tempestades e caminhado sobre a água — ajoelhou-se e lavou os pés imundos daqueles que amava e servia.

Tendo terminado de lavar os pés dos discípulos, Jesus retomou as suas vestes, voltou para a mesa, e perguntou: “Entendeis o que eu fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns dos outros. Eu vos dei o exemplo, para que façais o que eu fiz. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Agora que sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.”[10]

Jesus ensinou que, independentemente de sua posição espiritual, vida profissional, do volume de sua riqueza ou de qualquer outra coisa que você ou os outros possam entender que o coloca em uma condição superior, tudo isso é posto de lado quando se serve aos outros. Quando Tiago e João pediram posições de autoridade sobre os outros, Jesus lhes disse: Sabeis que os que são considerados governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes exercem autoridade sobre eles. Entre vós não será assim. Antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será o que vos sirva,e quem entre vós quiser ser o primeiro será servo de todos.[11] Jesus tira o foco do fator posição e autoridade para destacar que a grandeza aos olhos de Deus está no serviço. Independentemente da posição ou do status econômico de um cristão, essa pessoa deve servir Deus e os outros motivada pelo amor, humildade, por causa de gratidão e perdão.

Servir por amor

O serviço feito motivado pelo amor por Deus e pelos outros não busca recompensas externas. Não é necessário que os outros saibam a esse respeito. Não busca o aplauso ou a gratidão dos outros. Contenta-se com o fato de que é feito de forma discreta e humilde. Não distingue entre um serviço “pequeno” do “grande”, pois todo serviço deriva da mesma motivação. A ênfase não está nos resultados. Não espera reciprocidade da pessoa servida. O prazer vem do serviço em si, o qual é prestado de forma indiscriminada e não busca servir os grandes e poderosos, mas busca atender a quem tiver necessidade — que de uma maneira geral são os mais pobres e desprotegidos. O serviço é feito com diligência e não depende de sentimentos, não se deixa afetar por variações de humores ou caprichos. Em vez disso, disciplina os sentimentos e atende às demandas. Cuida das necessidades dos outros sem maiores pretenções.[12]

O serviço enquanto disciplina combate ativamente receber reconhecimento e louvor dos outros. Richard Foster explica isso da seguinte maneira:

De todas as disciplinas espirituais clássicas, o serviço é a que mais conduz ao crescimento da humildade. Quando tomamos a decisão por um curso de ação escolhido de forma consciente e que promova o bem dos outros e é, principalmente, um trabalho invisível, dá-se uma mudança profunda em nossos espíritos. Nada disciplina os desejos desordenados da carne como o serviço, e nada transforma os desejos da carne como o serviço realizado de forma discreta. A carne resiste ao serviço, mas protesta a plenos pulmões contra o serviço oculto. Ela quer e busca honra e reconhecimento. Encontrará meios sutis e aceitáveis do ponto de vista religioso para chamar atenção ao serviço prestado. Se formos firmes na resistência a essa cobiça da carne, vamos crucificá-la. Toda vez que crucificamos a carne, pregamos também na cruz nosso orgulho e arrogância.[13]

Como se dá o serviço enquanto disciplina? Começa com uma atitude de serviço. É ter um desejo para servir, ajudar sempre e onde for necessário. Isso pode ser cuidar dos filhos dos vizinhos, levar refeições para famílias passando dificuldades, fazendo favores para pessoas de alguma forma incapacitadas. O serviço pode ser prestado na forma de hospitalidade, como quando se convida alguém para sua casa para uma refeição. Em uma igreja ou numa comunidade, pode ser arrumar as cadeiras para as reuniões, preparando lanches, limpando as coisas depois do evento ou ministrando aulas bíblicas ou ajudando a um esforço de evangelização de jovens. Na sua testificação pessoal, significa testificar para alguém que precise, talvez alguém de convivência difícil. É mostrar amor de uma forma tangível e manifestando interesse sincero pelos necessitados. É estender a mão quando for necessário. É usar seus talentos e dons do Espírito para ajudar de qualquer maneira que você possa, sempre que houver uma necessidade.

Serviços específicos

No livro Celebração da Disciplina, Foster relaciona alguns serviços que considera parte da Disciplina de Serviço:[14]

Jesus disse: Entre vós sou como aquele que serve.[18] Se desejarmos nos tornar mais como Cristo, então devemos nos comprometer e aprender a servir os outros em amor e humildade, como Jesus fez, sem buscar nada além da glorificação do Pai. Essa é uma disciplina que vale a pena praticar.


Nota

A menos que de outra forma indicado, todos os versículos aqui citados foram extraídos da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.


[1] Filipenses 2:6–7.

[2] Mateus 5:16.

[3] Dallas Willard, The Spirit of the Disciplines (New York: HarperOne, 1988), 182.

[4] Observações extraídas de Donald S. Whitney, Spiritual Disciplines for the Christian Life (Colorado Springs: Navpress, 1991), 117–122.

[5] 1 Samuel 12:24.

[6] Salmo 100:2.

[7] Isaías 6:7–8.

[8] João 13:14–15.

[9] Mateus 22:37–39.

[10] João 13:12–17.

[11] Marcos 10:42–44.

[12] Richard J. Foster, Celebração da Disciplina (São Paulo: Editora Vida, 1983)

[13] Foster, Celebração da Disciplina.

[14] Foster, Celebração da Disciplina.

[15] 1 Pedro 4:9.

[16] 1 Pedro 4:9 NTLH.

[17] Gálatas 6:2.

[18] Lucas 22:27.

 

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