Jesus — Sua Vida e Mensagem: A Vinda do Filho do Homem (1ª Parte)

Por Peter Amsterdam

Março 9, 2021

[Jesus—His Life and Message: The Coming of the Son of Man (Part 1)]

O artigo anterior, o último da série sobre o templo judeu, terminou com Jesus dizendo ao povo da Judeia que tribulação viria sobre eles quando os romanos destruíssem o templo e a cidade de Jerusalém. Ele disse:

Haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem haverá jamais. Se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria, mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.[1]

E acrescentou:

Então, se alguém vos disser: Olhai, o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito. Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.[2]

Jesus alertou que alguns se aproveitariam do período de tribulação que se aproximava, para alegar serem o Messias. Aparentemente, inclusive dariam a aparência falsa de fazerem milagres e profetizarem. Anteriormente neste capítulo, Jesus havia alertado sobre essas pessoas:

“Muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.”[3]

“Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.”[4]

O historiador judeu Josefo escreveu sobre vários líderes nacionalistas judeus que, no período que antecedeu ao cerco de Jerusalém, manifestaram tais sinais e maravilhas. É claro que o Novo Testamento dá exemplos de discípulos de Jesus realizando “sinais e maravilhas” enquanto faziam o trabalho de Deus.

Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos.[5]

Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no pórtico de Salomão.[6]

No Livro dos Atos, em algumas das Epístolas de Paulo e no Apocalipse, há referências a descrentes que realizaram magia e exibiram sinais e maravilhas, assim como àqueles que viriam no futuro.

Estava ali certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido a gente de Samaria. Dizia ser um grande homem.[7]

E então será revelado o iníquo. ... A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira.[8]

Então vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, mas falava como dragão. ... E fez grandes sinais, de maneira que até fogo fazia descer do céu à terra, à vista dos homens.[9]

Jesus também destacou a possibilidade de até mesmo alguns crentes serem enganados pelos falsos cristos e falsos profetas, por causa dos milagres e maravilhas.

Prestai atenção, eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Olhai, ele está no deserto! não saiais; ou: Olhai, ele está no interior da casa! não acrediteis.[10]

Tendo avisado que falsos profetas realizariam sinais e maravilhas, Jesus deu instruções adicionais para ajudar os crentes a não serem enganados durante o tempo que antecederia a destruição de Jerusalém. Um autor explica:

Estes que tentarão desviá-los alegarão que têm conhecimento especial; enquanto as pessoas comuns não sabem onde está o Messias, esses falsos professores dizem que sabem. Dizem que se as pessoas confiarem neles, as levarão até ele. Jesus diz definitivamente: “Não acredite”. Seus seguidores não se deixarão enganar dessa maneira.[11]

O Futuro Retorno de Jesus

Como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.[12]

Esse versículo faz uma distinção nítida entre os eventos durante o cerco de Jerusalém e o retorno futuro de Cristo. A palavra grega usada para o retorno de Jesus ou segunda vinda é parousia. Jesus deixou claro que Sua parousia não seria um evento secreto, mas tão visível quanto o flash de um relâmpago que ilumina o céu. Quando Jesus voltar, todos verão, como Ele deixará claro mais tarde neste capítulo. Jesus estava descrevendo Seu retorno e o fim de uma era não relacionada à destruição do templo.

Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.[13]

Comentaristas bíblicos oferecem muitas interpretações para este versículo. O significado mais provável é que a parousia, o retorno do Filho do Homem, será tão óbvia quanto a presença de uma carcaça sobre a qual os abutres descem.

Logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do firmamento e os corpos celestes serão abalados.[14]

As palavras de Jesus remetem diretamente a duas passagens do Antigo Testamento.

Vede, o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e para destruir do meio dela os pecadores. As estrelas dos céus e os astros não darão a sua luz. O sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz.[15]

Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um livro; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide, e como cai o figo da figueira.[16]

Ao longo do Antigo Testamento, encontramos imagens semelhantes proclamadas pelos profetas. (Ver Ezequiel 32:7-8; Amós 8:9; Joel 2:10, 30-31; 3:15.)

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.[17]

Este Evangelho fala do sinal do Filho do Homem aparecendo no céu. Nos Evangelhos segundo Marcos e Lucas lemos “eles verão o Filho do Homem”, sem mencionar o sinal. Este Evangelho também fala do efeito que a vinda do Filho do Homem terá sobre os povos da terra: se lamentarão. Seu retorno não será recebido com alegria por todos. As pessoas reconhecerão que o retorno de Jesus muda tudo e colocará um fim à vida como eles a conheceram.

Jesus declarou que virá novamente à Terra. No entanto, o Seu retorno será diferente da primeira vez, quando veio como um bebê. Seu retorno será com poder e grande glória, uma frase que remete à aparência majestosa de um rei. As nuvens são frequentemente associadas com a presença do divino e é o que significa aqui.

E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.[18]

A aparição do Rei causa a reunião dos que a Ele pertencem, que O receberam e acreditaram nEle. O envio de Seus anjos com uma trombeta soando alto também é mencionado pelo apóstolo Paulo.

Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar a última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformado.[19]

A reunião de seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus é uma maneira de dizer quernenhum crente será deixado para trás e que todos serão inclusos.

Aprendei agora esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente vós, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.[20]

Há muitas figueiras na Palestina e aqueles a quem Jesus estava falando estavam familiarizados com o processo de desenvolvimento das figueiras e quando dão fruto. Assim como o surgimento de brotos na figueira indica a chegada do verão, quando os crentes virem os eventos descritos no versículo 29, devem entender que a volta de Jesus está próxima.

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.[21]

Embora haja várias interpretações sobre qual seria “esta geração”, é claro que Jesus está Se referindo aqui à geração que estiver viva no momento do Seu retorno.

O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.[22]

Jesus então deixa claro que Suas previsões se concretizarão. Apesar de o céu e a terra durarem geração após geração, um dia terão um fim. As palavras de Jesus, contudo, durarão para sempre. O que Ele disse será cumprido.

(Continua.)


Nota

A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.


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[1] Mateus 24:21-22.

[2] Mateus 24:23-24.

[3] Mateus 24:5.

[4] Mateus 24:11.

[5] Atos 2:43.

[6] Atos 5:12. Veja também Atos 4:16, 29-30.

[7] Atos 8:9.

[8] 2 Tessalonicenses 2:8-9.

[9] Apocalipse 13:11, 13. Veja também Apocalipse 16:13-14.

[10] Mateus 24:25-26.

[11] Morris, The Gospel According to Matthew, 607.

[12] Mateus 24:27.

[13] Mateus 24:28.

[14] Mateus 24:29.

[15] Isaías 13:9-10.

[16] Isaías 34:4.

[17] Mateus 24:30.

[18] Mateus 24:31.

[19] 1 Coríntios 15:51-52.

[20] Mateus 24:32-33.

[21] Mateus 24:34.

[22] Mateus 24:35.

 

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