Por Peter Amsterdam
Maio 18, 2021
[Jesus—His Life and Message: Washing the Disciples' Feet (Part 1)]
No Evangelho segundo João, o relato do trabalho de Jesus para as massas chega ao fim no capítulo 12. A maior parte dos próximos cinco capítulos se concentra em Seus ensinamentos finais aos discípulos.
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que a sua hora de passar deste mundo para o Pai já tinha chegado, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.[1]
Esse versículo, que dá início ao capítulo 13, define o tempo, mostrando que os eventos aconteceram logo antes da festa da Páscoa. Somos informados que Jesus sabia que Sua hora “tinha chegado”, ou seja, a hora de Sua morte, a hora em que Ele partiria deste mundo. Outros versículos deste mesmo capítulo indicam que Jesus sabia o que iria acontecer.[2] Ele não foi pego de surpresa.
Como Jesus sabia que Lhe restava pouco tempo, concentrou-Se em ensinar aos Seus discípulos, como se observa nos cinco capítulos subsequentes. Esse versículo também nos fala do relacionamento de Jesus com aqueles que O seguiram durante Seu ministério. Ele amou Seus discípulos o tempo todo e os amaria até ao fim, um fim que se aproximava.
A próxima frase é longa e contém três versículos, então vou cobri-la versículo por versículo.
Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse...[3]
Não é dito onde a ceia estava acontecendo nem sabemos exatamente quando, apenas que foi em algum momento antes da festa da Páscoa. Lemos que o Diabo já havia incitado Judas Iscariotes a trair Jesus, mas, naquele momento do relato os demais discípulos desconheciam o fato.
Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus…[4]
O autor do Evangelho afirma que Jesus tinha o comando da situação. Assim como nos é dito que Ele sabia sua hora de passar deste mundo para o Pai já tinha chegado, lemos que Ele sabia que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que Ele voltaria a Seu pai. Jesus estava prestes a passar por uma forte humilhação, mas sabia que voltaria ao lugar de maior honra na presença de Seu Pai.
... levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela.[5]
Jesus Se levantou da mesa e tirou Suas vestes externas. Ele provavelmente ficou apenas com o equivalente a uma tanga, como um escravo usaria. Então pegou uma toalha e a enrolou na cintura. A palavra grega traduzida como toalha refere-se a um pano de linho ou avental que os servos vestiam para o trabalho. Assim termina a frase que se estende por três versículos.
Depois colocou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.[6]
Um autor explica: A etiqueta apropriada ... ensinava que os hóspedes, sujos depois de viajarem pelas ruas empoeiradas, deveriam, ao chegar, ter os pés lavados por um escravo. Esta era uma tarefa particularmente humilde, incluída em uma lista de obras que um escravo judeu não deveria ser obrigado a realizar.[7] Mesmo assim, Jesus lavou e secou os pés de Seus discípulos.
Aproximou-se de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu vais lavar os meus pés?[8]
É possível que os discípulos tenham ficado em silêncio enquanto Jesus lavava seus pés. Foi só quando Ele veio a Pedro que as palavras foram faladas. Em certo sentido, Pedro estava falando por todos os discípulos, pois considerava isso inadequado aquele a quem ele havia chamado anteriormente o Cristo, o Santo de Deus[9] lavar seus pés.
Respondeu Jesus: O que eu faço não o sabes agora, mas o compreenderás depois.[10]
Não parece que Jesus ficou ofendido com o que Pedro disse, mas lhe explicou que Pedro entenderia mais tarde. Isso é semelhante a outros comentários encontrados no Evangelho segundo João. A princípio, seus discípulos não entenderam tudo isto. Só depois que Jesus foi glorificado é que se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele, e que lhe haviam feito estas coisas.[11] Quando Jesus ressurgiu dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se do que ele dissera. Então creram na Escritura e nas palavras que Jesus tinha dito.[12] Pode ser que depois se referisse a quando os discípulos recebessem o Espírito Santo, após a ascensão de Jesus ao céu.
Disse Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.[13]
Embora Jesus tivesse dito a Pedro que mais tarde ele entenderia o significado de Suas ações, o discípulo ainda rejeitou a ideia de Jesus lavando seus pés. A resposta de Jesus foi direta. A menos que Pedro deixasse Jesus lavar seus pés, ele não teria parte com Ele. Este foi em tom semelhante a outras declarações bastante fortes que Jesus fez: “Em verdade, em verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”[14] “Em verdade, em verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.”[15] Um autor escreveu: Muito simplesmente, Jesus está dizendo a Pedro que recusar o amor prestes a ser demonstrado no ato de lavar os pés, provaria simplesmente que ele não era um dos “próprios que estavam no mundo”, dos que pertenciam a Jesus (v. 1), mas, em vez disso, pertencia a “o mundo” em si.[16]
Respondeu Simão Pedro: Senhor, não apenas os pés, mas também as mãos e a cabeça.[17]
Depois de declarar precipitadamente que Jesus nunca lavaria seus pés, Pedro agora quer que Ele lave também sua cabeça e suas mãos. Parece que Pedro era impetuoso, que agia rapidamente sem pensar muito ou se importar. Encontramos outro exemplo disso no relato da transfiguração de Jesus, quando Pedro disse a Jesus: Mestre, bom é que estejamos aqui. Façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. Ele não sabia o que dizer, por estarem assombrados.[18] Embora impetuoso, o comentário de Pedro sobre Jesus lavar as mãos e a cabeça foi provavelmente sincero e deu a Jesus a oportunidade de fazer uma observação aos discípulos e a todos os que liam este Evangelho.
Disse Jesus: Aquele que já se banhou não necessita de lavar senão os pés; no mais está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.[19]
Jesus destacou que se alguém se banhou e depois saiu, como para a festividade na qual os discípulos estavam participando, só precisa lavar os pés, porque estaria limpo. Com isso, Jesus enfatizou que Seus discípulos estavam limpos do pecado, pois, eram crentes e estavam perdoados de seus pecados.
A única exceção foi Judas Iscariotes.
Pois ele sabia quem o havia de trair. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos.[20]
No início deste Evangelho, aprendemos que Jesus sabia quem O trairia. (Mas alguns de vós não creem. Pois Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não criam, e quem o trairia.)[21] Respondeu Jesus: Não vos escolhi eu aos doze? Contudo, um de vós é um diabo.[22] Como Jesus não deu o nome do traidor naquele momento, Seus discípulos não sabiam quem era. Antes do final da refeição, Jesus informaria aos discípulos quem O trairia.
(Continua.)
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 2001, por Editora Vida.
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[1] João 13:1.
[2] João 13:3, 11.
[3] João 13:2.
[4] João 13:3.
[5] João 13:4.
[6] João 13:5.
[7] Milne, The Message of John, 197.
[8] João 13:6.
[9] João 6:68-69.
[10] João 13:7.
[11] João 12:16.
[12] João 2:22.
[13] João 13:8.
[14] João 3:5.
[15] João 6:53.
[16] Michaels, The Gospel of John, 729.
[17] João 13:9.
[18] Marcos 9:5-6, Mateus 17:4, Lucas 9:33.
[19] João 13:10.
[20] João 13:11.
[21] João 6:64.
[22] João 6:70.
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