Por Peter Amsterdam
Junho 1, 2021
[Jesus—His Life and Message: Washing the Disciples’ Feet (Part 3)]
O artigo anterior terminou com a afirmação de Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me trairá.[1] Vimos também que Seus discípulos ficaram sem saber de quem ele falava.[2] A notícia os pegou de surpresa.
Um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado próximo a Jesus. Simão Pedro fez sinal a este, dizendo: Pergunta de quem o Mestre está falando.[3]
Não nos é dito especificamente qual discípulo era aquele a quem Jesus amava, embora outras referências sejam feitas a ele mais tarde neste Evangelho.[4] O consenso é que seria o apóstolo João. É provável que Pedro não estivesse sentado ao lado de Jesus, ou ele mesmo poderia ter feito a pergunta a Jesus em vez de sinalizar para João Lhe perguntar. Também é possível que Judas estivesse sentado ao lado de Jesus, o que seria uma posição de honra. Lemos no Evangelho segundo Mateus que Jesus falou com Judas sem que outros discípulos O ouvissem, o que reforça a ideia de que Judas estaria sentado muito perto e possivelmente ao lado de Jesus durante a refeição.
Reclinando-se aquele discípulo sobre o peito de Jesus, perguntou: Senhor, quem é?[5]
O discípulo inclinou-se de tal forma que seria possível falar baixinho com Jesus, talvez até sussurrando em Seu ouvido, sem que outros ouvissem o que ele dizia.
Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Então, molhando o pedaço de pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão.[6]
Jesus respondeu que identificaria o traidor por meio de uma ação. Está implícito que Sua resposta só poderia ser ouvida por quem fez a pergunta. Depois de dizer isso, Jesus mergulhou o pão em algum tipo de molho que estava sobre a mesa e o ofereceu a Judas. Embora os outros discípulos possam ter visto Jesus dar a Judas o pedaço de pão, não ouviram as palavras que Ele disse sobre o traidor e, portanto, não teriam como saber que Jesus estava revelando aquele que O trairia.
Assim que Judas tomou o pão, entrou nele Satanás. Disse-lhe Jesus: O que estás prestes a fazer, faze-o depressa.[7]
Essa é a única vez neste Evangelho em que Satanás é citado pelo nome. Lemos aqui que Satanás entrou em Judas naquele momento e passou a orientar suas ações. Dessa vez, Jesus falou com Judas de uma maneira que os outros discípulos O ouvissem.
Mas nenhum dos que estavam reclinados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isso. Como era Judas que guardava a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe tivesse dito: Compra o que nos é necessário para a festa, ou que desse alguma coisa aos pobres. Assim que Judas tomou o pedaço de pão, saiu. E era noite.[8]
Os discípulos não viram motivo de preocupação quando Jesus disse a Judas para fazer rapidamente o que ele estava para fazer. Como era o responsável pelas finanças do grupo, imaginaram que Jesus teria instruído Judas a comprar comida ou ajudar os pobres. Após receber o pedaço de pão de Jesus, Judas saiu.
Quando ele saiu, Jesus disse: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele. Se Deus é glorificado nele, Deus glorificará o Filho em si mesmo, e o glorificará imediatamente.[9]
Com a partida de Judas, Jesus passou a falar aos discípulos aberta e longamente. A traição estava em andamento, dando início à glorificação do Filho. A glória do Pai está conectada à glória do Filho, pois o Pai e o Filho compartilham o mesmo propósito. Um autor explica: A glória do Pai está ligada à glória do Filho. Os dois estão unidos no propósito de salvar os pecadores. A glória de Cristo quando ele se inclina para nos salvar é a glória do Pai cuja vontade ele está fazendo. A cruz revela o coração de Deus, bem como o de Cristo.[10]
Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, e o que eu disse aos judeus, eu o digo a vós também agora: Para onde eu vou vós não podeis ir.[11]
Referir-Se aos seus discípulos como “filhinhos” expressa afeto e terna preocupação de Jesus para com eles. A notícia de que lhes restava pouco tempo juntos provavelmente foi difícil de ouvir, mesmo que não fosse a primeira vez que Ele dizia algo assim. Anteriormente, Ele havia dito aos líderes judeus que se opunham a Ele, Ainda por um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou. Vós me buscareis, mas não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir.[12]
Após anunciar que estava indo para onde os discípulos não O poderiam acompanhar, Jesus fez um anúncio especial:
Novo mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei a vós, assim também deveis amar uns aos outros.[13]
Jesus estava dando instruções para a comunidade de crentes por meio de um novo mandamento que se concentrava no amor mútuo. Devemos amar o próximo porque Cristo nos amou. Viveu o que pregou, deu o exemplo de amor e chama Seus discípulos a seguirem Seus passos.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.[14]
Jesus reforçou Seu “novo mandamento” de amor mútuo com uma promessa. — Os crentes serão conhecidos como seguidores de Cristo pelo amor que têm entre si, pois o amor é a marca distinta de um crente. O livro 1 João ratifica esse entendimento.
Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus. Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.[15]
Amados, se Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; mas se amarmos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é aperfeiçoado o seu amor.[16]
Os últimos três versículos deste capítulo relatam o diálogo entre o apóstolo Pedro e Jesus.
Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde, porém, me seguirás. Pedro perguntou: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida. Jesus respondeu: Tu darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que de modo algum cantará o galo antes que me negues três vezes.[17]
Pedro perguntou a Jesus sobre Sua partida, indagando para onde Ele estava indo. A resposta de Jesus remeteu ao que Ele dissera antes, que Pedro não poderia ir para onde Ele estava indo neste momento, mas acrescentou que Pedro O seguiria posteriormente. Pedro ficou surpreso, e talvez um pouco melindrado com a resposta de Jesus e afirmou estar disposto a dar a vida por Jesus. Apesar da sinceridade nas palavras de Pedro, lemos em uma passagem posterior que o apóstolo negou três vezes sua associação com Jesus, tal como Este havia predito.[18]
Antes de Sua prisão e crucificação, Jesus concentrou Seu limitado tempo em ensinar e preparar Seus discípulos para o que estava por vir.
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 2001, por Editora Vida.
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[1] João 13:21.
[2] João 13:22.
[3] João 13:23–24.
[4] João 19:26, 20:2–8, 21:7–8, 21:20–24.
[5] João 13:25.
[6] João 13:26.
[7] João 13:27.
[8] João 13:28–30.
[9] João 13:31–32.
[10] Morris, The Gospel According to John, 560.
[11] João 13:33.
[12] João 7:33–34.
[13] João 13:34.
[14] João 13:35.
[15] 1 João 4:7–8.
[16] 1 João 4:11–12.
[17] João 13:36–38.
[18] João 18:17, 25, 26–27.
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