1 Coríntios: Capítulo 3 (versículos 1-9)

Junho 25, 2024

por Peter Amsterdam

[1 Corinthians: Chapter 3 (verses 1-9)]

Em sua primeira carta à igreja em Corinto, o apóstolo Paulo achou necessário incluir uma reprimenda, visto que a desunião, inveja e brigas entre eles – principalmente entre os líderes e os que ensinavam – demonstrava que ainda eram crianças em Cristo.

Irmãos, não pude falar a vocês como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo.1

Paulo começa esta parte de sua carta chamando os coríntios de irmãos. Em grego, a palavra era um coletivo que incluía tanto os homens quanto as mulheres da congregação. Ao chamá-los de irmãos e irmãs, Paulo lhes lembra do relacionamento que compartilham em Cristo. Paulo pode parecer duro e desafiador com suas palavras iminentes, mas reitera ao longo da epístola que eles são amados e valorizados como a família de Deus.2

Embora Paulo considere os cristãos coríntios espirituais, não vinham se comportando como deveriam, por isso refere-se a eles como pessoas carnais. Compara-os a crianças imaturas para ilustrar como suas ações, palavras e atitudes não são típicas daqueles que têm a mentalidade cristã. O ser carnal se manifesta na forma como o grupo estava desunido e contencioso. Paulo salienta que enquanto alguns eram cristãos superiores, outros seguiam seus instintos naturais, em vez da orientação do Espírito de Deus.

Dei a vocês leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais.3

Apesar de alguns dos crentes coríntios se vangloriarem, agiam com infantilidade e precisavam amadurecer. Não haviam entendido corretamente a “carne” do Evangelho, referindo-se à morte de Jesus na cruz. Consequentemente, Paulo precisou ajustar a abordagem com eles. Lembra quando lhes deu “leite” para beber, pois eram como crentes “bebês”, incapazes de receberem “alimento sólido”, para o qual ainda não estavam prontos. Apesar de tal situação ser previsível, Paulo compara a sua condição quando recém-convertidos ao momento atual, quando já deveriam ser capazes de digerir alimento sólido. Salienta que eles ainda não têm condições de digerir alimento sólido porque ainda são carnais e agem como mundanos.

Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos?4

Paulo deixa claro que o que mais o preocupa no comportamento “carnal” é a inveja, causadora das divisões. Os crentes coríntios agiam nos moldes do mundo descrente, sujeitando-se à inveja, um comportamento infantil relacionado a disputa de posição social e bens. Em Gálatas 5:13-26, Paulo escreveu algo semelhante sobre as obras “da carne”. Lá, pede aos gálatas que “andem no Espírito” e inclui entre as obras que geralmente refletem “a carne”, a imoralidade sexual, a idolatria, a contenda e a inveja. 5 A inveja produz contendas quando as pessoas se comparam negativamente com as outras ou tentam afirmar sua superioridade sobre as demais.

Ao perguntar se são carnais, Paulo espera uma resposta afirmativa. Chama a atenção paras as contendas e invejas sobre posição social e liderança, que mostravam que os coríntios viviam somente segundo os homens, o que, salienta Paulo, em muito difere da vida espiritual que deveriam levar.

Pois, quando alguém diz: “Eu sou de Paulo” e outro: “Eu sou de Apolo”, não estão sendo mundanos?6

Paulo remete aos por ele citados no capítulo 1:12 — Paulo, Apolo e Cefas — mas, desta vez se refere somente aos dois primeiros. Não explica por que escolheu Apolo em vez de Cefas (Pedro). Pode ter sido porque Apolo era conhecido por sua eloquência.7  Ou pode simplesmente ser que Apolo e Paulo fossem mais conhecidos por aquela igreja, já que ambos pregaram em Corinto.

Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um.8

Paulo usa a si mesmo e a Apolo como exemplos, mostrando que não há rivalidade entre eles, pois atuam juntos no trabalho de Deus. Têm diferentes vocações e dons, algo que Paulo abordará mais à frente, ao salientar a existência de uma variedade de dons concedidos por Deus por meio do Seu Espírito.

Ao lembrar aos seus destinatários que estes creram por meio da obra de Paulo e Apolo, salienta que os coríntios não deviam se apegar a nenhum deles. Paulo também os lembra de que são simplesmente “servos”. Seu trabalho entre os coríntios foi dado a eles por Deus e seguiram Suas instruções.

Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer.9

Paulo agora usa a jardinagem como uma ilustração. Ele se refere aos primeiros dias quando veio a Corinto. Ao escrever sobre aquela época, Paulo quer que olhem para o trabalho que foi feito entre eles para o Senhor. Paulo foi o primeiro a chegar e plantou a semente do trabalho de Deus entre eles. Apolo deu continuidade a esse trabalho e também semeou e algumas pessoas creram por meio de seu ministério. Embora o que Apolo fez não seja descrito, provavelmente envolveu ensino da fé e exposição das Escrituras. O mais importante não é o que cada um fez especificamente, mas que Deus causou o crescimento entre a semeadura feita por Paulo e a irrigação de Apolo. A atenção das pessoas deve se voltar para Deus. Os líderes são temporários e aqui estão para realizar as tarefas das quais foram incumbidos por Deus, que permanece e realiza a obra.

De modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento.10

A primeira lição da analogia da jardinagem oferecida por Paulo é que o único que conta no processo é Deus. A maneira como os coríntios consideravam seus líderes era “carnal” ou meramente humana — ao atribuir importância ao que os líderes eram e realizaram. Paulo ensina que Deus é tudo o que importa. Lembra aos coríntios que a obra de Deus continua independentemente de cada um de nós. Deus é o merecedor de todo o crédito, pelas bênçãos que os crentes recebem e pela colheita de crentes.

O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho.11

O segundo ensinamento que Paulo oferece com a analogia do cultivo é que os dois trabalhadores — aquele que planta e aquele que rega — embora tenham dois trabalhos diferentes “são um”. Paulo destaca que ele e Apolo “são um”. Cooperam entre si e pertencem a Deus. Estão unidos em um trabalho em que ambos cumprem o que Deus lhes designou.

Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.12

Então Paulo deixa claro que ele e Apolo cooperavam em seus esforços, uma união que provavelmente era visível aos crentes coríntios. Ambos eram servos de Deus e trabalhavam juntos para realizar Sua vontade.

A igreja de Corinto era o campo de Deus, líder supremo da igreja. Paulo chamou os crentes coríntios de edifício de Deus, falando da igreja como posse de Deus sob Sua liderança. Deus estava construindo uma igreja unificada.

(Continua.)


Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução NVI.


1 1 Coríntios 3:1.

2 1 Coríntios 1:10, 11, 26, 2:1, 3:1, 4:6, 14–15, 6:5, 8, 7:24, 29, 10:1, 11:33 e mais (28 vezes em 1 Coríntios).

3 1 Coríntios 3:2–3.

4 1 Coríntios 3:3.

5 Gálatas 5:19–20.

6 1 Coríntios 3:4.

7 Atos 18:24.

8 1 Coríntios 3:5.

9 1 Coríntios 3:6.

10 1 Coríntios 3:7.

11 1 Coríntios 3:8.

12 1 Coríntios 3:9.