Decisões, Decisões

[Decisions, Decisions]

Eu estava ouvindo a história do rei Davi nos livros de primeiro e segundo Samuel. Tem algo muito notável que Davi parecia fazer quase sempre quando um novo fator era inserido na situação e as circunstâncias mudavam. Ainda que fossem coisas mínimas, a sua primeira reação era perguntar a Deus o que fazer. E consistentemente, as respostas que Deus lhe deu funcionaram.

Às vezes, uma situação era bem parecida com outras anteriores, como quando ele enfrentou o exército filisteu e o Senhor lhe disse para lançar um ataque frontal. Isso lhe garantiu a vitória. Os filisteus foram derrotados!

Um tempo depois, as circunstâncias pareciam as mesmas, mas desta vez o Senhor lhe disse para se esgueirar e se posicionar na retaguarda deles. Quando Deus lhe desse o sinal, ele deveria atacá-los da direção oposta. Um tempo antes desse ocorrido, tem o exemplo de quando Saul e seu exército perseguiam Davi e seus homens na tentativa de destruí-los. Muitas vezes, quando Davi perguntava ao Senhor o que fazer, ele recebia respostas inesperadas, mas que sempre produziam um resultado positivo.

Certa vez, quando Davi e seus homens se escondiam de Saul, o Senhor lhe mostrou que deveria ajudar uma pequena cidade que estava sob ataque, o que literalmente salvaria a vida dos moradores. No entanto, se eles fizessem isso, provavelmente Saul, que na época tentava matar Davi, ficaria sabendo da sua presença. Os próprios homens de Davi tentaram convencê-lo a não ir, mas quando Davi consultou o Senhor, Ele lhe disse que deveria ir ajudar a cidade. Davi obedeceu.^[1]

Tendo em conta o que Davi fez pelo povo, era de se esperar que os moradores se sentissem em dívida com Davi e seus homens e não revelassem o paradeiro deles a Saul. Mas Davi buscou a confirmação do Senhor, que lhe disse que os habitantes da cidade o trairiam e que ele deveria fugir!

Acredito que Deus sabia que aquela decisão aparentemente imprudente da parte de Davi na época, desempenharia um papel mais tarde para pôr fim aos ataques de Saul contra ele. Eventualmente, a misericórdia e compaixão de Davi pelo povo, e até mesmo por Saul, fizeram Saul parar de atacar Davi.^[2]

Apesar de seus muitos defeitos e falhas, na maioria das vezes Davi se apoiava em Deus e buscava Suas respostas e soluções. Talvez esse seja um dos motivos porque Deus disse que Davi era um homem segundo o Seu coração.^[3]

Deus nunca permitiu que Saul alcançasse sucesso na sua luta ferrenha para destruir Davi. Em um caso, Saul estava de um lado de uma colina procurando Davi e seus homens, que estavam do outro lado da mesma colina. Mas Deus enviou os filisteus para atacarem a terra de Saul, de maneira que ele teve que parar imediatamente de perseguir Davi por um tempo para ir lutar contra eles.^[4] Ainda que Saul tivesse muitos espiões entre as pessoas, ele nunca conseguiu encostar um dedo em Davi.

Esta é uma bela ilustração de como, quando recorremos a Jesus para tomarmos uma decisão, Ele pode e irá nos guiar. É tão fácil olhar para as circunstâncias e pensar, “já passei por isto e fiz tal e tal” e confiar apenas na experiência passada para decidir como agir. Mas só Deus vê a imagem completa, que nós não conseguimos ver.

Tudo aquilo pelo que passamos nos garante experiência e aprendemos princípios espirituais. Em contrapartida, nem sempre sabemos quando certos fatores que desconhecemos podem estar desempenhando um papel na situação em que nos encontramos no momento.

Não se trata de sermos sempre certinhos na questão de recorrer a Jesus em todas as situações. Seria maravilhoso se isso fosse possível, mas não é. No entanto, o fato de sermos incapazes de ser perfeitos nesta vida não deve nos fazer desistir de tentar aprimorar a nossa habilidade de incluir Deus em nossas decisões o máximo possível. Nossas decisões, grandes e pequenas, são importantes o suficiente para levarmos a Jesus. Ele fala ao coração de cada um de nós de uma maneira especial.

Jesus entende que precisamos aprender e crescer. Demora um tempo para crescermos em sabedoria a partir das tentativas e erros, mas pouco a pouco nossas fraquezas podem ser transformadas em forças. Deus é misericordioso e compassivo, e Ele olha para o nosso coração — apesar das nossas falhas.

O rei Davi falhou vergonhosamente em várias ocasiões, como quando determinou um censo para saber se tinha homens suficientes para iniciar uma batalha, em vez de buscar o Senhor e Seus conselhos a respeito.^[5] Ele sabia buscar o Senhor nessas situações, mas em um momento de fraqueza ele olhou para o que estava visível, a força do número de guerreiros na batalha, em vez de Deus. Como resultado, ele sofreu uma grande derrota, mas também se fortaleceu na sua convicção de se apoiar ainda mais em Deus.

O apóstolo Paulo é outro exemplo de depender de Deus. Ele era um inimigo cruel dos cristãos até que Jesus o convenceu da verdade. A partir do momento que ele conheceu o Senhor, ficou determinado a seguir aonde Jesus o levasse. Embora tenha sido isolado por alguns de seus próprios irmãos, ter sido tratado com brutalidade e ameaçado de morte por aqueles que odiavam a verdade que ele proclamava, Paulo não deixou de seguir Jesus. Sua determinação de ir aonde Deus o levasse e seu profundo relacionamento com seu Salvador foram fundamentais para alcançar incontáveis milhões com o evangelho.

“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.”—Provérbios 3:5–6 NVI

Com certeza ainda cometeremos muitos erros, e às vezes cederemos às nossas falhas e fraquezas, mas se fizermos o esforço de olhar para Jesus o máximo que pudermos, então Ele trabalhará em nossa vida e através dela para realizar Seus bons desígnios.

Consideremos Pedro, cujo pior fracasso foi negar Seu Salvador três vezes antes de se tornar uma grande testemunha e causar um grande impacto no mundo. Às vezes, podemos nos sentir humilhados e envergonhados com nossas imperfeições e às vezes caímos. Mas o amor de Jesus é mais do que capaz de fazer as coisas contribuírem para o bem. À medida que aprendemos, nós crescemos e amadurecemos e também nos tornamos mais sábios e com um coração que reflete claramente o coração de Jesus. O amor perfeito de Deus por nós lança fora todo o temor; substitui o sentimento de culpa por perdão e esperança. Abre nossos olhos para a importância de confiarmos cada vez mais nEle.

Portanto, quando tiver que tomar decisões ao longo do dia e da vida, lembre-se de fazer o melhor que puder para manter a mente e o coração abertos à voz de Deus, qualquer que seja a maneira que Ele se comunique com você. Esse hábito, quando desenvolvido fielmente nas coisas pequenas, gradualmente se transforma em um fundamento de fé para as decisões maiores que você vier a enfrentar.

Conforme ler a Palavra, Deus falará com você através dela ou de versículos que o Espírito Santo trouxer à sua lembrança. A Sua orientação não precisa ser por meio de uma profecia propriamente dita. Pode ser a voz mansa e delicada de Deus sussurrando em seu coração, encorajando-o, lhe dando dicas. Pode ser uma imagem, ou simplesmente uma sensação do que precisa ser feito, ou uma paz em seu coração de que Ele está guiando você.

A orientação de Deus pode vir através de uma sensação de alerta ou apreensão de que algo não está certo, mesmo quando não há nada que você possa ver que explique esse sentimento. Às vezes, Ele pode abrir portas ou permitir certas circunstâncias para ajudá-lo a ter um vislumbre do Seu plano. Quanto mais escolhemos estar receptivos à Sua “voz”, não importa como Ele Se manifeste, mais clara e forte ela se torna.

Todos nós que estamos fazendo tanto quanto possível para seguir a Deus, enfrentamos nossa parcela de problemas e fracassos e, na maioria dos casos, acabamos descobrindo que tesouros preciosos surgiram a partir das cinzas dessas coisas. Gradualmente aprendemos a perseverar, a tomar as decisões da melhor maneira possível com a ajuda de Deus, porque sabemos que:

“…aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo.”—Filipenses 1:6

Todos nós estamos em um processo de crescimento, mas podemos encontrar grande conforto no fato de que Ele disse que somos “a esperança da glória” para outros.

“A eles quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória.”—Colossenses 1:27 NVI

E mesmo quando não tomamos as decisões certas, não há condenação em Jesus, apenas misericórdia e perdão. Quando olhamos para Ele, Ele pode usar até as coisas ruins para nos tornar mais sábios e mais fortes. Glória ao Senhor!