A Divindade de Jesus (1ª Parte)

[The Deity of Jesus (Part 1)]

Os cristãos acreditam que Deus seja uma Trindade — Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo — e que Ele também é um.^[1] Acreditamos que o filho de Deus encarnou por meio da concepção pelo Espírito Santo no ventre de Sua mãe, Maria. Depois de pregar e ensinar por alguns anos, morreu crucificado, sepultado e, três dias depois, ressuscitou. Passados 40 dias do Seu ressurgimento, Jesus subiu ao Céu, onde permanece, à direita de Deus.^[2] Jesus ser Deus (juntamente com o Pai e o Espírito Santo) é fundamental para a cristandade e é algo que todos sabemos e em que acreditamos.

Recentemente, li um livro muito edificante intitulado Colocando Jesus em Seu devido lugar: em defesa da divindade de Cristo.^[3] Os autores mostraram nas Escrituras que Jesus é Deus, assim como o Pai é Deus, comparando versículos do Antigo Testamento a esse respeito com os do Novo Testamento que mostram o mesmo sobre Jesus. Achei inspirador e informativo ver como os versículos que falam de Deus Pai têm eco em passagens falando de Jesus. Vou compartilhar alguns aqui para sua inspiração e edificação.

Glória e honra

Uma das maneiras como as Escrituras se referem a glorificar é no sentido da atitude correta que devemos ter com respeito a Deus. Devemos Lhe dar glória, glorificá-lO.

Atribuam ao Senhor, ó seres celestiais, atribuam ao Senhor glória e força. Atribuam ao Senhor a glória que o seu nome merece.^[4]

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, lemos que Deus é louvado. Este é um exemplo disso no Antigo Testamento:

Bendito és tu, Senhor, Deus de nosso pai Israel, de eternidade em eternidade. Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade, pois teu é tudo o que há nos céus e na terra. Teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre todos como chefe.^[5]

Outro exemplo:

Encha-se a minha boca do teu louvor e da tua glória o dia todo.^[6]

No Novo Testamento temos:

A nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém.^[7]

[…] segundo a vontade de Deus nosso Pai, a quem seja glória para todo o sempre. Amém.^[8]

O Antigo Testamento, assim como o Novo Testamento nos ensinam a dar glória a Deus.

No Livro do Apocalipse, lemos que Deus é louvado:

Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existem e foram criadas.^[9]

Em linguagem, similar, lemos que o Cordeiro —Jesus— é louvado:

Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor!^[10]

No Novo Testamento, lemos sobre Jesus recebendo glória paralela à que é dedicada ao Seu Pai:

Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém.^[11]

Damos glória e honra a Deus e a Jesus.

Adoração

A importância de nossa adoração a Deus é demonstrada em todo o Antigo Testamento.

Adorai ao Senhor na beleza da sua santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra!^[12]

Exaltai ao Senhor nosso Deus, e adorai-O no Seu santo monte, pois o Senhor nosso Deus é santo!^[13]

Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos, ajoelhemos diante do Senhor que nos criou!^[14]

Como vemos neste versículo, parte da adoração no Antigo Testamento consistia de curvar-se e ajoelhar-se. Ainda hoje, é uma prática de muitos se ajoelharem quando oram. Quando usado em um contexto religioso ou espiritual, a palavra em hebraico traduzida para “adorar” no Antigo Testamento, assim como sua correspondente em grego, encontrada no Novo Testamento, significava “curvar-se”. Nesse contexto, significava curvar-se diante de uma divindade, para assim adorá-la. Um exemplo disso nas Escrituras é quando Deus disse:

Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso.^[15]

Deus deixou claro para Seu povo que não devia adorar outros deuses.

Se te esqueceres do Senhor teu Deus, e andares após outros deuses, servindo-os e adorando-os, protesto hoje contra vós que certamente perecereis.^[16]

Cuidai para que o vosso coração não se engane e, desviando-vos, sirvais a outros deuses, e vos prostreis diante deles. Então a ira do Senhor se acenderá contra vós.^[17]

Jesus fez referência a isso quando disse:

Vai-te, Satanás! Pois está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.”^[18]

Ao mesmo tempo em que o Antigo Testamento deixa claro que somente Deus deva ser adorado, lemos em todo o Novo Testamento que Jesus também deve ser objeto de nossa adoração. Quando Jesus caminhava sobre a água, Pedro desembarcou e caminhou na direção de Jesus, mas então começou a afundar.

Imediatamente, Jesus estendeu a mão, tomou-o e lhe disse: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?” Entrando ambos no barco, o vento cessou.  Então os que estavam no barco o adoraram, dizendo: “És verdadeiramente o Filho de Deus.”^[19]

Depois de haver ressuscitado, Jesus lhes saiu ao encontro [de duas mulheres], dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.^[20] Na Epístola aos Hebreus lemos:

A qual dos anjos disse jamais: “Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho?” E, novamente, ao introduzir o primogênito no mundo, diz: “E todos os anjos de Deus O adore.”^[21]

Assim como Deus, o Pai, é adorado, Jesus, Filho de Deus, também deve ser adorado.

Oração

A Bíblia ensina que Deus é o único a quem devemos nos dirigir em oração. É quem ouve nossos pedidos e os atende segundo Sua vontade. Somente Deus é digno de orações.

Em todo o Antigo Testamento, lemos que o povo de Deus O busca em oração:

Plantou Abraão um bosque em Berseba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno.^[22]

Dai graças ao Senhor, e invocai o seu nome.^[23]

Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha alma!”^[24]

Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do Senhor.^[25]

Antes de morrer na cruz, Jesus invocou Seu Pai:

Jesus clamou com grande voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. Havendo dito isto, expirou.”^[26]

Da mesma forma, no Livro dos Atos, lemos que Estêvão invocou Jesus em oração, quando estava sendo morto por apedrejamento.

E apedrejaram a Estêvão, que em oração dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu.^[27]

Da mesma forma que Jesus orou ao Seu Pai, Estêvão orou a Jesus.

Em todo o Novo Testamento, lemos que os crentes invocavam o nome de Jesus de forma similar a como, no Antigo Testamento, era invocado o Nome de Deus.

À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.^[28]

Depois de dizer que se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo,^[29] Paulo citou o Antigo Testamento:

Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.^[30]

Com isso, afirmou que invocar o Nome de Jesus era o mesmo que invocar o Nome de Deus.

Jesus disse aos Seus discípulos que orassem por Ele:

E farei tudo o que pedirdes em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.^[31]

Após a Sua ressurreição, quando Seus discípulos estavam tentando decidir quem deveria substituir Judas na posição de apóstolo, oraram a Jesus, dizendo:

“Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois escolhestes, para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar.”^[32]

As Escrituras nos ensinam a orar a Deus e que devemos, da mesma forma, orar a Jesus.

Amor e obediência

No Antigo Testamento, Deus falou ao Seu povo e explicou que esperava que O amassem e Lhe obedecessem, seguindo as Suas palavras.

Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração. Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, deitando-te e levantando-te.^[33]

Esperava-se que Seu povo observasse Seus mandamentos.

Amarás ao Senhor teu Deus, e todos os dias observarás os seus estatutos, os seus juízos e os seus mandamentos.^[34]

Se assim o fizesse, Deus abençoaria o povo e as suas terras.

Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao Senhor vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso trigo, o vosso vinho, e o vosso azeite. Darei erva nos vossos campos ao vosso gado, e comereis e vos fartareis.^[35]

O Senhor teu Deus te fará prosperar grandemente em toda a obra das tuas mãos, no fruto do teu ventre, na cria dos teus animais, e no produto do teu solo. O Senhor tornará a alegrar-se em ti para te fazer bem, como se alegrou em teus pais, se deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, e te converteres ao Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a alma.^[36]

Jesus falou aos Seus discípulos sobre guardar os mandamentos e as bênçãos que adviriam aos que assim o fizessem.

Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos.^[37]

Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é o que Me ama. E quem Me ama será amado de Meu Pai, e Eu também o amarei e Me manifestarei a ele.^[38]

Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.^[39]

Deus também advertiu de forma bem clara dos perigos que ameaçavam aqueles do Seu povo que se afastassem dEle.

Se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e estatutos que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te atingirão.^[40]

Ele também deixou uma advertência séria com respeito àqueles que tentavam afastar seus parentes do Senhor.

Se teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu regaço, ou o teu amigo mais íntimo, te incitar em segredo, dizendo: Vamos, e sirvamos a outros deuses — deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais … não o atenderás nem o ouvirás.^[41]

Esse mandamento expressou a importância de dar a Deus a importância maior, acima de todos os outros relacionamentos.

Jesus chamou Seus discípulos para terem por Ele um amor, uma devoção e um compromisso similar.

Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e até mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.^[42]

Em algumas versões, encontramos a palavra “odiar”, em vez de “aborrecer”. Jesus usou este termo como uma hipérbole, para deixar bem claro de forma dramática que o amor e o compromisso de Seus discípulos por Ele deveria ser superior aos que tinham pelos seus familiares. Ensinou o mesmo, usando outras palavras, na seguinte passagem:

Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não vem após mim, não é digno de mim.^[43]

Como o Antigo Testamento associava os mandamentos de Deus ao amor por Deus, Jesus associou a obediência aos Seus mandamentos ao amor por Ele.

(Continua na 2ª Parte.)