As Histórias que Jesus Contou: As Dez Virgens, Mateus 25:1–13
Maio 8, 2018
por Peter Amsterdam
As Histórias que Jesus Contou: As Dez Virgens, Mateus 25:1–13
[The Stories Jesus Told: The Ten Virgins, Matthew 25:1–13]
A parábola das dez virgens vem logo depois da do Servo fiel e infiel,[1] que fala do servo que não prestou atenção quando seu mestre retornaria. A parábola das Dez Virgens também aborda a necessidade de prontidão contínua, enquanto os crentes aguardam o retorno de Cristo.
A parábola começa:
Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas saíram a encontrar-se com seu noivo.[2]
Cerimônias de casamento na Palestina do primeiro século eram precedidas por um noivado. O noivado era o primeiro estágio do casamento e quando ao se noivar, o casal era considerado marido e mulher. A rescisão de um compromisso exigiria que o casal passasse por um processo de divórcio legal. A segunda etapa era a cerimônia de casamento civil, que é o cenário para esta parábola. A cerimônia geralmente ocorria pelo menos um ano após o noivado. Não se sabe muito sobre os detalhes dessas cerimônias de casamento, mas há algumas informações. Casamentos aconteciam às quartas-feiras, se a noiva fosse virgem, ou às quintas-feiras, se fosse viúva. Acredita-se que parte da cerimônia incluía o noivo e seus amigos escoltarem a noiva à casa do noivo, muitas vezes a casa dos pais do noivo, onde acontecia a festa de casamento, que muitas vezes durava alguns dias.
A procissão da noiva até a casa do noivo geralmente acontecia à noite e incluía música e dança. Na parábola de Jesus, dez jovens solteiras iriam fazer parte dessa procissão; e porque estava escuro, eles carregavam tochas enquanto escoltavam a noiva e o noivo.
Agora lemos sobre as dez jovens mulheres:
Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes. As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas.[3]
As lâmpadas que essas jovens carregavam seriam tochas para uso externo, e não as lâmpadas de óleo que eram usadas dentro de casa. Essas tochas eram um pedaço de pano enrolado no topo. O pano seria embebido em óleo e depois aceso. Essas tochas queimariam intensamente por cerca de quinze minutos e então começariam a se apagar, conforme o óleo fosse consumido. Por essa razão, aqueles que carregavam esses tochas levavam óleo extra, em algum tipo de recipiente, chamados vasilhas, na maioria das traduções. Cinco das garotas trouxeram óleo extra com elas, enquanto as outras cinco não trouxeram nenhum excedente. As moças que trouxeram o óleo foram mencionadas como prudentes (sensatas ou sábias em algumas traduções da Bíblia). Aquelas que não se precaveram foram referidas como néscias, ou tolas. Jesus usou a mesma comparação sábia / tola na parábola do homem sábio que construiu sua casa na rocha e na tola que construiu sua casa na areia.[4]
E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram.[5]
As dez jovens estavam prontas e esperando a chegada do noivo; no entanto, o noivo estava atrasado. Não nos é dito por que, mas alguns comentaristas especulam que poderia ter sido devido a negociações financeiras entre as famílias da noiva e do noivo; outros comentam que pode ter sido devido à distância entre a casa da noiva e a dos pais do noivo. Nenhuma explicação é dada na parábola, nem é necessária, uma vez que as parábolas são destinadas a ilustrar um ponto ou princípio. O noivo precisa estar atrasado na história, para que as moças adormecessem enquanto esperavam. Considerando que eles tinham tudo preparado para a chegada do noivo e havia muito que elas precisariam fazer depois que ele chegasse, fazia sentido tirar uma soneca.
Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro.[6]
A palavra traduzida como meia-noite não é tão específica; em vez disso, expressa que ele veio em algum momento no meio da noite. Alguém havia avistado a aproximação da festa do noivo e gritou para que todos saíssem e o encontrassem.
Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque nossas lâmpadas estão se apagando.[7]
Não há razão para pensar que as lâmpadas das jovens estivessem queimando enquanto dormiam. Talvez tivessem sido acesas antes, mas só teriam queimado por cerca de quinze minutos antes de precisarem ser novamente embebidas em óleo. Todas as mulheres se levantaram e prepararam suas lâmpadas. As sábias começaram a remergulhar suas tochas no óleo para as acender. As outras, no entanto, não puderam ser acesas devido à falta de óleo e provavelmente produziam uma fumaça ruim, já que o pavio não tinha óleo suficiente. Se as tochas apagassem, as cinco jovens não poderiam participar no desfile de tochas para a casa dos pais do noivo.
Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o.[8]
As jovens tolas pediram às sábias que lhes dessem um pouco do óleo, mas não foram atendidas. A atitude das mulheres previdentes pode parecer egoísta, mas seu suprimento de óleo era provavelmente limitado, e se compartilhassem, nenhum deles teria óleo suficiente em suas lâmpadas para a procissão do noivo. Então, para garantir que houvesse alguma luz para a procissão, não compartilharam o óleo que tinham, mas sugeriram que as que precisavam comprassem um pouco.
Já que era o meio da noite, sugerir que se comprasse óleo pode parecer um pouco ridículo, mas como é uma parábola, os detalhes técnicos não precisavam ser precisos. Também é possível que as mulheres sensatas possam ter sugerido que as outras fossem casa do vendedor de óleo e acordá-lo, para que assim lhes vendesse o óleo; ou, como havia um casamento na aldeia, é possível que algumas das lojas tivessem ficado abertas durante as festividades. De qualquer forma, as mulheres néscias saíram para tentar comprar o óleo que deveriam ter trazido com elas.
E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram comele para as bodas; e fechou-se a porta.[9]
O noivo chegou antes que voltassem. As que tinham óleo nas lâmpadas entraram no banquete do casamento com o noivo e a porta da festa foi fechada. Ao comentar sobre a porta sendo fechada, um comentarista escreveu:
O fechamento da porta é outro elemento da história que parece fora de lugar na hospitalidade aberta e no convívio de um casamento na aldeia; chegada tardia não é normalmente uma questão na sociedade oriental, certamente não penalizada de forma tão dramática.[10]
Embora isso estivesse fora da norma, o fato de a porta estar fechada indica que nessa festa de casamento havia uma hora prevista para as festividades, e as pessoas que não conseguiram chegar a tempo foram excluídas.
Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço.[11]
Não nos é dito se as jovens conseguiram encontrar o óleo, mas que quando voltaram, encontraram a porta da festa de casamento fechada. Foi desconcertante para elas. Possivelmente estavam na lista de convidados, pois tinham um papel a desempenhar como portadoras da tocha; queriam fazer parte da festa de casamento, mas a porta estava fechada. Então apelaram para o noivo, respeitosamente chamando “senhor, senhor”, pedindo-lhe para abrir a porta para elas. Sua resposta é fria: “Não conheço vocês”.
Essas palavras de desprezo não são uma afirmação de que o noivo não estava familiarizado com as moças, mas sim uma forma de dissociação delas. Deixam dolorosamente claro que não participarão das festividades do casamento, que serão excluídas da celebração. A declaração “Em verdade vos digo” mostra a importância das palavras “Eu não te conheço”. As mulheres esperavam fazer parte do casamento, tinham um papel a desempenhar, queriam entrar, mas foram completamente excluídas.
A parábola termina com:
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.[12]
A mensagem principal que essa parábola transmite é a ideia de que o retorno de Jesus está sendo adiado. Os crentes nos primórdios do cristianismo esperavam que a segunda vinda de Jesus acontecesse logo. Em outros lugares nos Evangelhos, Jesus deixa claro que Ele não sabia a hora de “naquele dia”.
Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.[13]
Ele também apontou que nenhum de nós sabe quando será esse tempo.
Sabei, porém, isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar sua casa. Ficai também vós apercebidos, porque, à hora em que não cuidais, o filho do homem virá.[14]
Essa parábola afirma que, como ninguém sabe a hora do retorno do Senhor, cada um de nós deve estar sempre pronto para esse momento.
Não sabemos quando o Senhor voltará, e certamente não sabemos quando nossas vidas nesta terra terminarão. Por esta parábola, Jesus expressou a necessidade de estar atento ao Seu retorno e viver de uma maneira que reflete a prontidão para entrar em Sua presença. Para alguns crentes, isso acontecerá em Seu retorno; mas para outros, será no momento de sua morte. Nosso tempo para viver nossa fé, seguir a Jesus, amar os outros e viver de forma honrosa é agora. Que todos vivamos de forma a refletir a prontidão das virgens sábias, para que, quando passarmos desta vida para a próxima, ouçamos Jesus nos dizer: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.[15]
As Dez Virgens, Mateus 25:1–13
1 Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo.
2 Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes.
3 As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo;
4 no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas.
5 E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram.
6 Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro!
7 Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas.
8 E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando.
9 Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o.
10 E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta.
11 Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta!
12 Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço.
13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.
[1] As Histórias que Jesus Contou: O Servo Fiel e o Infiel, Mateus 24:44-51.
[2] Mateus 25:1.
[3] Mateus 25:2–4.
[4] Mateus 7:24–27.
[5] Mateus 25:5.
[6] Mateus 25:6.
[7] Mateus 25:7–8.
[8] Mateus 25:9.
[9] Mateus 25:10.
[10] R. T. France, The Gospel of Matthew (Grand Rapids: Eerdmans, 2007), 949–50.
[11] Mateus 25:11–12.
[12] Mateus 25:13.
[13] Mateus 24:36. Veja também Marcos 13:32–33, Lucas 12:40.
[14] Lucas 12:39–40.
[15] Mateus 25:21.