Jesus — Sua Vida e Mensagem: A Morte de Jesus (2ª Parte)
Abril 19, 2022
por Peter Amsterdam
Jesus — Sua Vida e Mensagem: A Morte de Jesus (2ª Parte)
[Jesus—His Life and Message: The Death of Jesus (Part 2)]
Após Jesus ter sido interrogado por Pilatos, escarnecido e desprezado por Herodes e seus homens, e açoitado, chegava a hora de Sua sentença ser executada. Os quatro Evangelhos abordam os acontecimentos relacionados à morte de Jesus, cada um deles trazendo detalhes não citados nos demais. O Evangelho segundo Mateus serve como base para esse texto, e trechos adicionais dos Evangelhos segundo Lucas, Marcos e João serão acrescentados.
Quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a cruz de Jesus.[1]
Uma vez que os soldados romanos terminaram de zombar, cuspir e bater em Jesus, eles vestiram-Lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado.[2] Normalmente, a pessoa condenada à morte carregava a travessa da cruz para o local da crucificação. A travessa, então, era presa a uma trave vertical que já estava no local onde a crucificação ocorreria.
No Evangelho segundo Mateus, lemos que Simão era de Cirene, um país situado onde hoje fica a Líbia, na costa norte do continente africano. Era a capital do distrito romano Cirenaica na época da crucificação de Jesus, e lar de muitos judeus que falavam grego. No Evangelho segundo Marcos,[3] lemos que Simão era pai de dois filhos, Alexandre e Rufo.
João nos diz que Jesus saiu carregando ele mesmo a cruz,[4] enquanto Mateus relata que Simão foi obrigado a carregá-la.[5] Provavelmente ambos os relatos estão corretos. É provável que Jesus tenha começado carregando a travessa, mas devido a tudo o que já havia sofrido, não conseguiu levá-la até o local da crucificação. Um autor explica:
Ele fora submetido a uma grande quantidade de estresse. Passara a noite toda acordado e sofrera a agonia no jardim, as várias sessões com as autoridades judaicas e a zombaria de um julgamento diante de Pilatos. Ele havia suportado a flagelação, o que... poderia ser muito brutal. Ele havia sido ridicularizado e espancado pelos soldados. Pode ser que Jesus tenha sido tratado com mais rigor do que os outros que foram crucificados com ele.[6]
Os quatro Evangelhos falam do lugar onde Jesus foi crucificado, chamado Gólgota ou Calvário. Cada Evangelho acrescenta uma explicação do nome. O Evangelho segundo Marcos diz, Levaram a Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, Lugar da Caveira.[7] O Evangelho escrito por João afirma que Jesus saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota.[8] Ninguém sabe exatamente onde ficava o Gólgota, mas provavelmente não era longe dos portões da cidade.
Os Evangelhos segundo Mateus e Marcos destacam que foi oferecido vinho à Jesus.
Deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber.[9]
Então lhe ofereceram vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou.[10]
Provavelmente tenha sido os soldados romanos que ofereceram o vinho misturado com fel ou mirra, o que teria um efeito levemente entorpecente. Não sabemos se os soldados ofereceram o vinho por bondade ou se estavam zombando dEle. Acreditamos que Jesus quisesse manter os sentidos claros e alertas enquanto dava a sua vida em resgate por muitos,[11] pois provou e recusou o vinho.
Depois de o crucificarem, repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes.[12]
Os escritores dos Evangelhos não deram ênfase aos detalhes da crucificação; simplesmente declararam que Ele foi crucificado. Os Evangelhos sinóticos falam dos soldados romanos dividindo as roupas de Jesus entre si. Quando chegou a hora de crucificá-lO, os soldados tiraram Suas roupas assim como fizeram com os outros. Ficar com as roupas daqueles que foram crucificados era um privilégio para os soldados que conduziram a crucificação. O Evangelho segundo João acrescenta que a túnica de Jesus era sem costura, toda tecida, numa só peça, de alto a baixo. Disseram uns aos outros: “Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela para ver de quem será.” Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura: Dividiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes. Foi o que fizeram os soldados.[13]
E, assentados ali, o guardavam.[14]
É provável que os soldados fossem instruídos a permanecer no local da crucificação até que Jesus (e os outros dois homens) morressem, para garantir que ninguém os resgataria de sua sentença de morte.
Por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: Este é Jesus, o rei dos judeus.[15]
Uma razão pela qual os romanos usavam a crucificação pública como punição era para dissuadir os outros de cometerem crimes ou se rebelarem contra Roma. Ver a acusação escrita em uma placa na cruz ou pendurada no pescoço do criminoso enviava uma mensagem poderosa. Cada um dos Evangelhos relata que as acusações contra Jesus foram colocadas em Sua cruz.
No Evangelho segundo João, lemos que foi Pilatos quem mandou escrever a inscrição e que recebeu resistência dos principais sacerdotes.
Pilatos mandou escrever um título, e o fez pregar na cruz. Nele estava escrito: JESUS DE NAZARÉ, O REI DOS JUDEUS. Muitos dos judeus leram este título, pois o lugar onde Jesus fora crucificado era próximo da cidade, e estava escrito em aramaico, latim e grego. Disseram os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, o rei dos judeus, mas que ele disse: Sou o rei dos judeus. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.[16]
Como o local onde Jesus foi crucificado ficava perto da cidade, muitas pessoas provavelmente assistiram à execução, pois as crucificações eram eventos populares no primeiro século.[17] A inscrição também estava em três idiomas, o que significava que qualquer pessoa que soubesse ler entenderia o crime do qual fora acusado.
O aramaico era a língua do país, o latim a língua oficial e o grego a língua comum de comunicação em todo o mundo romano.[18]
Um autor afirma:
Quanto ao aviso em si, sua implicação de que os judeus são um povo cujo “rei” lastimável está pendurado em uma cruz os ofende, e é ainda pior por ser publicamente acessível também aos gentios que passam por ali e só leem grego ou latim.[19]
Sabendo que não conseguiriam convencer Pilatos a retirar a placa da cruz de Jesus, os principais sacerdotes tentaram convencê-lo a mudar o que estava escrito nela. Pilatos recusou-se a fazer qualquer mudança.
(Continua.)
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright ©2001, por Editora Vida.
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[1] Mateus 27:32.
[2] Mateus 27:31.
[3] Marcos 15:21.
[4] João 19:17. (NTLH)
[5] Mateus 27:32.
[6] Morris, The Gospel According to Matthew, 714.
[7] Marcos 15:22.
[8] João 19:17. Veja também Mateus 27:33, Lucas 23:33.
[9] Mateus 27:34.
[10] Marcos 15:23.
[11] Mateus 20:28.
[12] Mateus 27:35. Veja também Marcos 15:24, Lucas 23:34.
[13] João 19:23–24.
[14] Mateus 27:36.
[15] Mateus 27:37.
[16] João 19:19–22.
[17] Morris, The Gospel According to John, 713–14.
[18] Morris, The Gospel According to John, 714.
[19] Michaels, The Gospel of John, 950.