Jesus — Sua Vida e Mensagem: Getsêmani (2ª Parte)
Fevereiro 1, 2022
por Peter Amsterdam
Jesus — Sua Vida e Mensagem: Getsêmani (2ª Parte)
A Prisão
[Jesus—His Life and Message: Gethsemane (Part 2): The Arrest]
Os quatro Evangelhos relatam a prisão de Jesus. O Evangelho segundo Mateus servirá de base para este artigo, com a adição de partes dos relatos encontrados em outros Evangelhos.
No Jardim do Getsêmani, Jesus pediu a Seu Pai que passasse dEle este cálice — Sua crucificação e morte — mas insistiu que queria fazer a vontade do Pai, não a própria.[1] No jardim, três vezes Jesus pediu aos discípulos que O acompanhavam para vigiarem e orarem com Ele, mas, cansados, não resistiam ao sono e adormeciam. Depois que Jesus terminou de orar, falou aos Seus discípulos.
“Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai. E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele, grande multidão com espadas e porretes, vinda da parte dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo.”[2]
Todos os quatro Evangelhos falam da traição de Jesus por Judas. O Evangelho segundo João afirma que o traidor conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se reunira ali com os discípulos.[3] O Evangelho segundo Marcos acrescenta que as pessoas enviadas pelos escribas acompanhavam as que foram por ordem dos principais sacerdotes e anciãos.[4]
A multidão que Judas trouxe estava armada com espadas e porretes. No Evangelho segundo João, lemos: Então Judas, tendo recebido a escolta e alguns guardas dos principais sacerdotes e dos fariseus, chegou ao jardim com lanternas, tochas e armas.[5]
Não eram soldados romanos, mas guardas do Templo e outros que provavelmente eram representantes oficiais do Sinédrio.
O seu traidor dera-lhes um sinal, dizendo: “O que eu beijar é esse; prendei-o”.[6]
No Evangelho segundo Marcos, Judas diz: prendei-o, e levai-o com segurança.[7] O plano era prender apenas Jesus, não Seus discípulos. Como estaria escuro no Getsêmani e os discípulos estariam com Ele, os que vinham com Judas precisavam de algum tipo de sinal para saber quem era Jesus. Judas disse que aquele que ele beijasse deveria ser preso. Visto que um beijo é uma forma comum de saudação, isso não pareceria fora do comum. No entanto, foi a maneira de Judas identificar aquele que ele estava traindo.
E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Eu te saúdo Rabi! e o beijou.[8]
No Evangelho segundo Lucas, Jesus disse: “Judas, com um beijo trais o Filho do homem?”[9]
Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.[10]
Judas beijou Jesus como quem cumprimenta um amigo. mas foi um beijo de traição, não de amizade. Os soldados e oficiais dos principais sacerdotes agarraram Jesus e O prenderam.
Um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.[11]
Cada um dos relatos dos Evangelhos fala que um dos discípulos desembainhou a espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote. O Evangelho segundo João oferece informações mais específicas.
Então Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.[12]
Em Lucas, lemos que Jesus disse: “Deixai-os, basta!” E tocando-lhe a orelha, o curou.[13]
Então Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada, pois todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão.”[14]
Jesus interveio rapidamente, o que pode ter evitado que Pedro fosse preso — especialmente porque, de acordo com o Evangelho segundo Lucas, Jesus curou a orelha do homem.
“Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e ele me mandaria imediatamente mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim deve acontecer?”[15]
Pedro agiu impetuosamente, sem pensar muito em suas ações. Jesus disse que o Pai poderia enviar legiões de anjos para ajudá-lO se fosse necessário. Uma legião consistia em cinco mil soldados de infantaria, além de cavaleiros. Então, Ele estava dizendo que o Pai poderia enviar uma legião para Jesus e uma para cada um dos onze apóstolos, o que teria sido muito mais do que o necessário. Com isso deixou claro que, se fosse necessário usar a força, ela poderia ser providenciada de outras formas, e não cortando a orelha de um escravo.
No entanto, havia outras questões a serem consideradas. Jesus destacou a importância de as Escrituras serem cumpridas. Se o Pai enviasse uma grande força de anjos para derrotar Judas e aqueles que se opuseram a Jesus, as Escrituras não teriam se cumprido. O propósito de Deus foi explicitado em Sua palavra profética e se cumpriria. Jesus disse que assim deve acontecer.
Então disse Jesus à multidão: Saístes com espadas e cacetes para prender-me, como a um assaltante? Todos os dias eu me assentava convosco, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o, fugiram.[16]
Jesus então Se dirigiu às multidões, assim como aos discípulos. As pessoas sabiam o que Jesus fazia e ensinava, porque Suas curas, milagres e grande parte de Seus ensinamentos eram públicos. No entanto, os que vieram prendê-lO agiam como se Ele fosse um ladrão que precisava ser capturado e que poderia reagir violentamente ao ser preso, por isso estavam armados com espadas e porretes.
Jesus enfatizou que aquelas armas não eram necessárias, visto que ensinava regularmente no Templo e, por isso, poderiam prendê-lO lá, em público. No entanto, não o fizeram, porque as autoridades temiam o povo. Seus perseguidores vieram armados à noite, quando Ele estava longe da multidão. Não estavam interessados em justiça, eles queriam se livrar dEle. Jesus disse a Seus captores e às multidões com eles que isso estava Lhe acontecendo exatamente como os profetas do Antigo Testamento haviam predito.
(Continua.)
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 2001, por Editora Vida.
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