Jesus — Sua Vida e Mensagem: João 15: Se o Mundo Vos Odeia
Julho 13, 2021
por Peter Amsterdam
Jesus — Sua Vida e Mensagem: João 15: Se o Mundo Vos Odeia
[Jesus—His Life and Message: John 15: If the World Hates You]
No início de João capítulo 15, Jesus disse aos Seus discípulos que eram Seus amigos. Lembrou-lhes de que lhes havia dito tudo o que ouvira de Seu Pai, que os havia escolhido, designado e que deveriam produzir frutos permanentes. E lhes explicou que aquilo era para que tudo o que em Meu nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.[1] A partir daí, até o fim do capítulo, Seus ensinamentos passaram a se concentrar mais e mais na perseguição que Seus discípulos enfrentariam em um futuro não muito distante.
Isto vos ordeno: Amai-vos uns aos outros.[2]
Os comentaristas bíblicos divergem sobre a relação deste versículo aos versículos anteriores, nos quais Jesus Se referiu aos discípulos como amigos, ao invés de servos, e disse que os escolhera e designara para produzirem frutos permanentes, ou se está conectado aos versículos subsequentes. Neste estudo, trabalhamos com a segunda hipótese. Jesus fez questão de enfatizar a importância de os discípulos amarem-se uns aos outros.
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, Me odiou a Mim.[3]
Jesus sabia que o mundo odiaria os discípulos, assim como sabia que o mundo primeiro O odiaria. No Evangelho de Mateus, Jesus fez uma afirmação semelhante: Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos.[4]
Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu. Mas como não sois do mundo, antes, dele vos escolhi, é por isso que o mundo vos odeia.[5]
Ao dizer “se” vós fosseis do mundo, Jesus estava afirmando que eles não eram do mundo. Ele os escolhera para deixarem o mundo e não mais fazerem parte dele. Por isso, o mundo os odiaria. O autor do Evangelho enfatizou “o mundo” repetindo-o cinco vezes nesta única frase. Porque o mundo é o que é, e os cristãos não devem ser deste mundo, é inevitável que o mundo aja com os crentes como agiram contra o Senhor. Uma mensagem semelhante se encontra no livro de 1 João: Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia.[6]
“Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se eles me perseguiram, também vos perseguirão. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.”[7]
Jesus os lembrou de algo que havia dito anteriormente neste Evangelho: Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.[8] O tratamento dado a um senhor determina o que é dado ao servo. Como Seus servos, os discípulos não podiam esperar tratamento melhor do que o que Jesus receberia. Como Ele foi perseguido e morto, eles podiam esperar o mesmo. É claro que assim como muitas pessoas também creram em Jesus e em Sua Palavra, um grande número de indivíduos também acreditariam na mensagem que os apóstolos pregariam e ensinariam.
Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou.[9]
Aqui Jesus está falando especificamente sobre aqueles que perseguem os crentes. Eles fariam isso porque não conhecem a Deus. Jesus e Seu ministério deram a conhecer o Pai, Aquele que enviou Jesus. Os que rejeitaram Jesus, rejeitaram o Pai que O enviara. Essa rejeição leva à perseguição daqueles que pregam o Evangelho.
Se eu não tivesse vindo, nem lhes tivesse falado, não teriam pecado. Agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.[10]
Jesus destacou a gravidade de rejeitá-lO. Se Ele não tivesse vindo e lhes dito que era o Messias, poderiam alegar que não sabiam quem Ele era; mas, dadas as circunstâncias, não havia desculpa para a rejeição. Não podiam dizer que teriam acreditado se Ele tivesse dado evidência de ser o Messias e que fora enviado pelo Pai. Como não acreditaram apesar de Jesus ter feito essas coisas, não havia desculpa para sua incredulidade.
Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.[11]
Jesus, então, mostrou que Ele e o Pai estão tão intimamente ligados que odiar Jesus significa odiar também o Pai. Em outra parte do Evangelho de João, lemos sobre aqueles que odeiam Jesus: O mundo não vos pode odiar, mas me odeia, porque dele testifico que as suas obras são más.[12] A condenação é esta: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz porque as obras deles eram más. Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.[13]
Se eu não tivesse feito entre eles o que nenhum outro fez, não teriam pecado. Mas agora viram, e odiaram a mim e a meu Pai.[14]
Isso é semelhante ao que Jesus disse antes, quando Se referiu às palavras que lhes havia falado. Se eu não tivesse feito entre eles o que nenhum outro fez, não teriam pecado. Agora Ele Se refere às obras que realizou. Sem dúvida, elas incluíam os milagres que havia realizado, mas não se limitavam a eles. Referiu-Se a elas como obras “que ninguém mais fez”, tal como quando curou um cego: Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.[15]
“Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo.”[16]
Jesus mostrou que a Lei, as palavras de Deus para eles, seriam cumpridas. Citou os Salmos, seja do Salmo 35 ou 69. Não se alegrem de mim os meus inimigos sem razão; não pisquem os olhos aqueles que me aborrecem sem causa.[17] Aqueles que me odeiam sem causa são mais do que os cabelos da minha cabeça.[18] Esses versículos falam de ódio sem qualquer fundamento razoável ou causa adequada. Um autor explica: É esse tipo de ódio que os judeus exerceram contra Jesus. ... Os judeus se viam como os defensores da Lei, mas em seu zelo pela Lei incorreram na condenação da Lei ao rejeitar o Cristo de quem a Lei deu testemunho.[19]
“Quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos enviarei, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. E vós também testificareis, pois estais comigo desde o princípio.”[20]
Em face do ódio do mundo, os discípulos precisariam de um intercessor, um consolador. Várias traduções usam os termos Espírito e Conselheiro (NVI); Consolador (RA, CRF), Auxiliador (NTLH), Ajudador (AA).
Jesus havia falado antes do Consolador, dizendo Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que esteja convosco para sempre[21]; Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.[22] Agora, está dizendo que a função do Espírito da verdade, que Ele enviará do Pai e que procede do Pai, é dar testemunho de Jesus. Após a ascensão de Jesus ao céu, o Espírito continuamente testificaria dEle.
Junto com o Espírito Santo, os apóstolos também dariam testemunho de Jesus. Não deviam deixar toda a obra de dar testemunho do Espírito sobre Jesus; pois também foram enviados para pregar o Evangelho. Os apóstolos podiam falar aos outros sobre Jesus, pois estiveram com Ele desde o início. Na qualidade de discípulos de Cristo, como os apóstolos da antiguidade, nós também somos chamados a dar testemunho de Jesus, para sermos canais pelos quais o Espírito Santo pode falar ao coração das pessoas, para que possam receber a Cristo como Salvador.
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 2001, por Editora Vida.
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[1] João 15:16.
[2] João 15:17.
[3] João 15:18.
[4] Mateus 10:25.
[5] João 15:19.
[6] 1 João 3:13.
[7] João 15:20.
[8] João 13:16.
[9] João 15:21.
[10] João 15:22.
[11] João 15:23.
[12] João 7:7.
[13] João 3:19–20.
[14] João 15:24.
[15] João 9:32.
[16] João 15:25.
[17] Salmo 35:19.
[18] Salmo 69:4.
[19] Morris, The Gospel According to John, 605.
[20] João 15:26–27.
[21] João 14:16.
[22] João 14:26.