Jesus — Sua Vida e Mensagem: Os Filhos de Zebedeu
Novembro 24, 2020
por Peter Amsterdam
Jesus — Sua Vida e Mensagem: Os Filhos de Zebedeu
[Jesus—His Life and Message: The Sons of Zebedee]
Cada um dos Evangelhos Sinópticos[1] relata um pedido que Tiago e João, dois dos discípulos e irmãos, fizeram a Jesus.[2] Vamos nos concentrar no relato do Evangelho segundo Marcos e pontos serão trazidos do Evangelho segundo Mateus. O relato feito por Marcos tem duas partes principais: (1) o pedido de Tiago e João para se sentarem à direita e à esquerda de Jesus em Sua “glória” e (2) a resposta de Jesus aos outros discípulos quando eles discutem este pedido.
Então se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir. Ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça? Eles responderam: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e o outro à tua esquerda.[3]
Tiago e João estavam com seu pai, Zebedeu, pescador de profissão, quando Jesus os chamou para segui-lO, e somos informados de que foram imediatamente com Jesus, o que pode indicar que os três já conheciam o ministério de Jesus e que o pai aprovou o chamado de seus filhos.[4]
Ao longo do Evangelho segundo Marcos, lemos que, juntamente com o apóstolo Pedro, Tiago e João estavam presentes em vários eventos importantes, como quando, por exemplo, Jesus entrou em uma casa para ressuscitar uma garota, e não permitiu que ninguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.[5] Os três discípulos também assistiram à transfiguração de Jesus.
Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João e os levou sós, em particular, a um alto monte. Aí ele foi transfigurado diante deles.[6]
Jesus também deu aos dois irmãos o sobrenome Boanerges, que significa “filhos do trovão”.[7]
Conforme observado anteriormente, esses dois irmãos corajosamente pediram a Jesus que lhes permitisse se sentarem ao Seu lado direito e esquerdo quando Ele entrasse em Sua glória. No Evangelho segundo Mateus, é a mãe deles que faz o pedido pelos filhos; no entanto, a resposta de Jesus é dirigida aos filhos, não a ela, ao dizer: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.[8] Os irmãos estavam solicitando os cargos mais altos no novo reino que eles acreditavam seria estabelecido em breve.
No início do Evangelho segundo Marcos, Jesus disse aos Seus discípulos:
Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte, sem que vejam ter chegado o reino de Deus com poder.[9]
No Evangelho segundo Mateus, Jesus disse aos discípulos:
Em verdade vos digo que vós os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.[10]
Naquele momento (antes da morte e ressurreição de Jesus), Tiago e João provavelmente esperavam ser colocados em posições de poder no governo vindouro, o qual equivocadamente imaginaram se estabeleceria em breve.
Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo, ou ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Responderam: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo. É para aqueles a quem está reservado.[11]
As referências ao cálice que Jesus beberia e ao batismo com o qual Ele seria batizado indicavam a Sua morte, citada anteriormente no livro de Marcos.
Então começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que depois de três dias ressurgisse.[12]
Porque ensinava os seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e três dias depois ressurgirá.[13]
Estamos subindo a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Condená-lo-ão à morte, e o entregarão aos gentios.[14]
Tempos depois, pouco antes de Sua prisão, Jesus fez referência a esse cálice enquanto estava no Jardim do Getsêmani.
Tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra, e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. Dizia: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis. Afasta de mim este cálice. Não seja, porém, o que eu quero, e, sim, o que tu queres.[15]
Jesus perguntou a Tiago e João se estes poderiam sofrer como Ele ia sofrer. A resposta deles foi que eles eram capazes, e Jesus confirmou que, Em verdade vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado. Jesus explicou, porém, que, mesmo se eles sofressem e fossem mortos, como veio a suceder a Tiago,[16] os lugares à Sua direita e à Sua esquerda não Lhe competia atribuir, mas ao Pai.
Quando os dez ouviram isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.[17]
A razão pela qual os outros dez discípulos ficaram indignados não foi explicada, mas pode muito bem ter sido por eles também desejarem um lugar especial, de honra. O pedido egoísta dos dois irmãos, e a resposta dos outros dez discípulos, traz um momento de ensino sobre a verdadeira grandeza.
Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes exercem autoridade sobre eles. Entre vós não será assim. Antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será o que vos sirva, e quem entre vós quiser ser o primeiro será servo de todos. Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.[18]
Na época de Jesus, assim como hoje, os grandes eram aqueles que governavam sobre os outros, que “dominavam sobre os outros”. Essa “grandeza”, definida pelo poder, muitas vezes pode resultar em tirania. Jesus rejeitou esse estilo de liderança, dizendo, não será assim entre vós. Em vez disso, afirmou que aqueles que desejam ser grandes devem servir aos outros.
Jesus mostrou ser Aquele que veio para servir e, no final das contas, deu a Sua vida para resgatar a vida dos pecadores para livrá-los da morte para a vida. Quando um prisioneiro ou escravo era resgatado, um pagamento era feito ao detentor do prisioneiro; esse pagamento resgataria a pessoa, e ela seria então livre. Esse conceito de redenção é expresso em todo o Novo Testamento.
O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras.[19]
Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.[20]
Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça.[21]
E que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados.[22]
E não por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, havendo obtido uma eterna redenção.[23]
O pedido de Tiago e João por cargos mais altos no reino recebeu uma resposta inesperada. Em vez de oferecer o poder terreno e as posições solicitadas, Jesus disse-lhes que eles experimentariam a mesma rejeição e sofrimento que Ele. Esclareceu também que não Lhe cabia designar ocupantes para as posições que eles buscavam, indicando que elas seriam preenchidas por aqueles que Deus escolher para esse fim.
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 2001, por Editora Vida.
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[1] Mateus, Marcos, e Lucas.
[2] Mateus 20: 20–28, Marcos 10: 35–40, Lucas 22: 24–27. Enquanto os livros de Mateus e Marcos mencionam Tiago e João, o livro de Lucas diz que surgiu uma disputa entre eles (Lucas 22:24), sem citar nomes.
[3] Marcos 10:35–37.
[4] Mateus 4:21–22.
[5] Marcos 5:37.
[6] Marcos 9:2.
[7] Marcos 3:17.
[8] Mateus 20:22.
[9] Marcos 9:1.
[10] Mateus 19:28.
[11] Marcos 10:38–40.
[12] Marcos 8:31.
[13] Marcos 9:31.
[14] Marcos 10:33.
[15] Marcos 14:35–36.
[16] Atos 12:1–2.
[17] Marcos 10:41.
[18] Marcos 10:42–45.
[19] Tito 2:13–14.
[20] Romanos 3:23–24.
[21] Efésios 1:7.
[22] Colossenses 1:13–14.
[23] Hebreus 9:12.