Quarks na Glória de Deus

Setembro 15, 2012

por Maria Fontaine

Peter e eu tiramos uns dias para ficarmos sozinhos e descansarmos em uma praia depois de um período intenso escrevendo e cuidando de negócios da FI. Andava na praia uma tarde, recolhida em meus pensamentos, conversando com o Senhor, quando presenciei uma das cenas mais lindas se formando diante dos meus olhos.

As nuvens, esparsas, começaram a adquirir tons pasteis de pêssego, violeta e dourado, formando um contraste assombroso contra o profundo azul celeste. Eu amo ver o por do sol, mas foram poucas as vezes em que tive a oportunidade de presenciar algo tão assombroso. Eu não conseguia desviar os olhos, o Grande Pintor conseguiu mesmo prender a minha atenção! Parecia que Ele tinha derramado uma luz colorida em cada nuvem. As cores foram ficando cada vez mais intensas até dar a impressão que transbordavam das nuvens e caíam como em cascata em raios belíssimos e rodopiantes como se fosse um caleidoscópio vivo.

Tudo perdeu a importância diante dessa obra de arte que eu contemplava naquele momento. Aos poucos, suavemente, a exibição foi descendo até parecer engolir as águas e transformá-las em um mar de cores ao mesmo tempo vibrantes e suaves, delicadas, como um reflexo em um espelho à distância. Uma luz dourada jorrava quando as ondas arrebentavam na praia ali pertinho de mim. Era como se eu estivesse sendo absorvida por aquela cena tão linda, como se ela me transmitisse encorajamento e o amor do Senhor por mim.

As cores começaram a assumir uma tonalidade mais escura junto a um promontório que se salientava na água a pouca distância. Era como se o fluxo de luz viva tivesse espirrado pela borda do céu e caído nas pedras e nas construções cobrindo-as de pontinhos brilhantes como se fossem pedras preciosas furta-cor.

A transformação no céu passou de tons pasteis para cores mais fortes, um vermelho vivo e cor de vinho com riscos de azul cobalto e cor de cobre.  Depois de uns quinze minutos que me pareceram instantes, a gloriosa exibição começou a se recolher gentilmente na névoa da noite para esperar até o momento de voltar a pintar o mundo um outro dia com a sua beleza transformadora.

Ali em pé, já escurecendo, eu me via como uma criancinha fascinada com o assombroso final de um show pirotécnico, esperando, mas sabendo que não era possível, que os fogos recomeçassem. Foi então que percebi que para Deus, tão complexa, gloriosa e deslumbrante demonstração de poder e beleza era apenas um pensamento, um piscar de olhos. Era um pontinho minúsculo na imensidão da Sua capacidade, apenas um quark no vasto universo do Seu poder. Se esse pequeno e efêmero acontecimento mexeu tanto com a minha alma e me deixou boquiaberta com sua grandeza e beleza, como eu poderia imaginar ou compreender o Criador disso tudo, que pode gloriosamente lançar nos céus tal beleza e fazê-la desvanecer em questão de instantes, como se estivesse passando um pano em uma superfície, como se aquilo fosse a Sua aura ou o ambiente criado por Ele na Sua passagem?!

Naquele momento assimilei profundamente a inescrutabilidade do poder do Senhor.

Ás vezes ficamos tão presos ao plano físico, com receio, preocupados, nos sentindo sozinhos para resolver nossos problemas! Mas em momentos como o que vivenciei, torna-se inquestionável que alguém nos ama profundamente. E o fato de esse alguém causar deslumbrante e repentina explosão de cores no céu reitera para mim exatamente em quem confio. Deus me disse o seguinte por meio daquela gloriosa obra de arte nos céus: “Eu posso criar qualquer coisa; posso sustentar qualquer coisa; posso proteger qualquer pessoa; posso resolver qualquer problema. Eu sou o autor de tudo o que é belo; Eu tenho poder. Eu sou o amor, e faço tudo isso por você.”

Momentos assim fazem-me lembrar que esse mesmo Deus poderoso que criou tamanha grandeza para o deleite de Suas criaturas está em sintonia com as mínimas necessidades e os menores desejos de cada um de nós. Ele nos guia e cuida de nós em situações simples e também nas difíceis. Ele está ativo, age em nossas vidas, não no rápido fulgor de um lindo por do sol, mas com um amor que o fez deixar de lado tudo no universo só para nos resgatar – sendo que nem merecemos tanto amor e cuidado. Como podemos nos preocupar achando que Ele, com o seu amor ilimitado e incondicional, vai nos esquecer ou deixar de estar no perfeito, total e absoluto controle de cada detalhe da nossa vida?

O sol se põe majestoso,
Um rastro da passagem de Deus,
Com seu brilho esplendoroso
Iluminando a noite escura.
Os vales e colinas ao redor
Refletem tamanho fulgor,
E a natureza iluminada
Alça a Deus o seu louvor:

“Santo, santo!” Anjos ecoam em união;
“Santo, santo!” Ouve-se cantar a canção;
“Santo, santo!” Sinos repicam a emoção;
“Santo, santo, é o Senhor o altíssimo.”

Deus revela ao por do sol
O Seu poder e grandeza,
A grande e maior glória
Que nos reservou na natureza;
No momento de revelação
Esquece-se dor e temor
O amor é nossa consolação,
No grandioso coro celeste:

Bem-aventurado por do sol,
A abrilhantar os caminhos,
Emocionando com seu esplendor
Dando perfeição ao fim do dia.
Deus é a razão do viver,
Nossa alma Ele satisfaz,
Para quem busca a Sua glória
Ele será mais do que capaz.[1]


[1] Calvin W. Laufer, 1922.

Tradução Hebe Rondon Flandoli.