Razões para celebrar

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Estreitamente relacionado com a gratidão e o louvor, o tópico de hoje é a celebração.

Ao longo da história, a humanidade enalteceu grandes avanços, vitórias e importantes ocasiões com celebrações — algumas das quais ainda existem. Há muitas celebrações seculares e culturais com as quais todos estamos familiarizados, tais como aniversários, formaturas, promoções, etc. A Páscoa e o Natal são exemplos de celebrações cristãs.

Para nós, cristãos, conhecer Deus como nosso Criador, Salvador e Redentor nos traz uma alegria profunda e duradoura, pelo que devemos manifestar nossa gratidão e felicidade! Temos motivos para celebrar constantemente e para sempre. Na verdade, vamos celebrar eternamente no céu.

Além da maravilhosa dádiva da salvação, há muitas outras razões na vida para celebrar. Mesmo as pequenas coisas não devem passar em branco, porque melhora o ânimo e gera união. Não tem de ser algo elaborado, consumir muito tempo nem ser caro. O ato da celebração tem em si um grande valor que vai muito além da diversão e é dele que quero falar.

Estes cinco pontos destacam os benefícios de celebrar.

1.  A celebração reconhece e dá testemunho da bondade do Senhor.

Isaías 63:7 diz: “Falarei da bondade do Senhor, dos seus gloriosos feitos, por tudo o que o Senhor fez por nós, sim, de quanto bem Ele fez... conforme a sua compaixão e a grandeza da sua bondade.”[1]

É espiritualmente saudável pensar nas coisas que são boas. A Bíblia nos instrui a concentrar nossos pensamentos nas coisas do bem. É precisamente o que expressa Filipenses 4:8: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

Uma celebração é uma boa maneira de reconhecer a bondade do Senhor. É uma forma de lembrar a nós mesmos e aos outros de quanto o Senhor tem feito.

Temos vidas aceleradas com inúmeros desafios e, na correria do dia a dia, não é difícil ignorar ou esquecer as coisas boas, belas, maravilhosas e notáveis que estão acontecendo e podem ser comemoradas. É fácil ser pego em muitos assuntos mundanos e perder de vista a bondade do Senhor. Se continuar nessa batida muito tempo, logo se sentirá que vive para sobreviver!

Nossas listas de tarefas são tão longas que provavelmente jamais chegaremos ao fim delas. Alguém me disse outro dia: “Tão logo assinalo uma tarefa como concluída, surgem outras três na lista!” Não é verdade? A tentação é acelerar e tentar fazer mais em menos tempo. Mas essa não é a resposta. Talvez eliminemos alguns itens da lista, mas também pode nos deixar doentes ou excessivamente estressado, porque abusamos e não nos cuidamos como deveríamos.

Como diz a tão conhecida citação: “A vida é uma maratona, não uma corrida de 100 metros rasos”. As celebrações ajudam a concluir a maratona da vida.

Celebrar boas notícias, realizações, vitórias e milagres aumenta a fé para o futuro. Serve também como um testemunho das coisas maravilhosas que Deus está fazendo por você e pelos outros. Isso não apenas glorifica o Senhor, mas incentiva os outros. As pessoas, de uma maneira geral, gostam de ver o sucesso das outras. E a Bíblia diz que devemos nos alegrar pelo êxito alheio.[2]

2.  A celebração reconhece as realizações, suas conquistas e as dos outros.

É importante ter alguém para compartilhar a realização de um objetivo. Pode ser algo simples como contar a novidade a um amigo por telefone, via chat ou em um post no Facebook. Dividir com os outros a vitória é importante e parte da realização. Torna o triunfo mais saboroso.

Celebrar com os outros nem sempre é fácil, considerando o nível de ocupação em que as pessoas se encontram hoje em dia, mas vale a pena o esforço.

Alguém me disse recentemente que quando seu amigo deu um grande passo na vida, que os dois se “encontraram” via Skype naquela noite para comemorar o acontecimento. Celebraram juntos, apesar de fisicamente estarem a milhares de quilômetros de distância um do outro. Não gastaram dinheiro, apenas um pouco de tempo e foi uma maneira significativa para festejar algo importante para alguém.

Às vezes, fico sabendo de amigos ou conhecidos meus que estão fazendo muitos progressos e superando etapas na vida. Sei que isso lhes custou muito e que trabalharam muito chegar onde estão. Espero mesmo que estejam parando para respirar fundo e curtir seu sucesso, reconhecer seus esforços empreendidos para tornar a conquista possível.

Todos precisam de reconhecimento e que seus esforços sejam valorizados. É importante. Vale a pena interromper o ritmo frenético para honrar uma vitória na vida, ou na vida de um dos seus entes queridos. É importante garimpar o tempo para reconhecer e valorizar uma conquista sua ou de outra pessoa. Ou o que você ganhou.

3.  A celebração funciona como uma pausa natural entre os projetos de nossas vidas ocupadas.

Celebrar induz à reflexão. É uma parada para valorizar uma realização. Se você não parar para apreciar e comemorar quando a conclusão de um projeto, ou uma conquista em particular, o próximo projeto vai atropelar essa alegria e soterrá-la sob a nova lista de afazeres. Com isso, a vitória pode quase ser “perdida”, ou perder o encanto.

Quando você se dedica muito a algo, seja um novo empreendimento na missão, na vida acadêmica, ou esteja envolvido em um grande projeto ajudando crianças a realizarem suas metas, ou qualquer que seja o seu caso, deve parar e desfrutar pelo menos um pouco as conquistas que alcança ao longo do caminho. Você conseguiu! Atingiu a meta e a celebração aumentam suas chances de perceber que o investimento de tempo, energia, sono perdido, trabalho duro, recursos, etc. valeu a pena. Reconhecer o retorno aumenta as chances de você, na próxima vez em que for chamado a sacrifícios similares, entender que estes também terão a devida recompensa.

4.  Registre seus sucessos e vitórias

Depois de passar horas ou até dias escalando uma montanha você fica cansado, dolorido e o cume começa a parecer longe demais. Nesse momento, olhe para baixo e veja quanto já avançou. Medir e registrar o progresso proporciona uma sensação de satisfação e realização, além de aumentar a confiança de que vai alcançar o próximo degrau e, com o tempo, alcançar a meta.

É bem fácil lembrar o que você fez na semana passada ou no mês anterior, mas o tempo apaga aos poucos as lembranças dos obstáculos que você teve de superar para alcançar a linha de chegada. Esses obstáculos superados são vitórias que merecem ser celebradas, porque é a perseverança que o leva a vencer a linha de chegada. Esses marcos devem ser lembrados e, para alguns de nós pelo menos, escrever ajuda a lembrar.

Em um caderno, faça uma rápida anotação dessas realizações, mesmo que seja apenas uma linha. Em alguns meses ou um ano, você se surpreenderá com tudo que fez. Como contar suas bênçãos, enumerar os passos de progresso será um incentivo para sua fé.

É bom deleitar-se com uma vitória, por menor que seja. Reconhecer que algo que você ou outra pessoa fez deu certo e foi coroado com êxito aumenta a autoconfiança e a autoestima necessárias para enfrentar o próximo desafio. Isso é especialmente importante quando se trata das realizações e do progresso das crianças, pois, afinal, ninguém gosta mais de celebrações que as crianças.

5.  A celebração funciona como uma “cenoura” que você quer ganhar ao concluir um projeto ou alcançar um objetivo.

A expectativa é poderosa. Se você sabe que vai celebrar, pensar na alegria ou diversão que isso lhe proporcionará pode lhe dar aquele último incentivo que precisa para atravessar a linha de chegada.

Algumas pessoas definem antecipadamente recompensas ou incentivos para si mesmas, coisas que gostam e usam como motivadores para lidar com os desgastes de um trabalho ou projeto extenuante.

Talvez sua equipe tenha um objetivo de captação de recursos para seu projeto de missão e está trabalhando muito para angariar fundos para construir mais uma ala em seu centro comunitário. Está indo devagar, mas você insiste. Talvez tenha decidido de antemão que, quando alcançar a marca de 30% do objetivo, vão comemorar com um jantar especial e relaxante noite juntos. À marca de 60%, levarão suas famílias e colegas de projeto do trabalho de missão para passarem um dia em um parque temático e quando chegarem a 100%, vão desfrutar de um fim-de-semana juntos longe de casa. A celebração gera a comunidade, inspiração e até criatividade.

Tenho amigos que são celebradores por natureza e a convivência com eles me ensinou que não o sou. Sempre gostei de contar com gente que levasse a “tocha comemorativa”, por assim dizer, porque muitas vezes eu não teria sequer cogitado celebrar uma conquista em particular, muito menos investir tempo para pensar e orar sobre assunto ou fazer os planejamentos necessários. Mas quando alguém faz uma celebração acontecer, é muito bom e eu gosto muito! Quer o evento dure 15 minutos ou algumas horas, é saudável parar e pensar sobre o que foi realizado! E depois ou mesmo durante a celebração, percebo que eu precisava daquilo.

Deus colocou nos seres humanos o desejo e a habilidade de celebrar. Disse-nos para louvá-lo e glorificá-lo pelas maravilhas que Ele faz, para “engrandecê-lo com ações de graça”. Em outras palavras, mandou-nos celebrar!

O próprio Deus celebra. A Bíblia diz que, depois de ter criado o mundo, “Deus viu tudo o que ele tinha feito e eis que, foi muito bom. … Assim Deus abençoou o sétimo dia e fez Santo, porque nele Deus descansou de todo o seu trabalho que ele havia feito na criação.”[3]

Parece que Deus parou e olhou para tudo que tinha feito, para Sua realização. Havia terminado o projeto da criação, por assim dizer, e ficou “muito bom”. Então, descansou. Se até Deus para contempla o que fez e descansa de seus trabalhos, certamente vamos conseguir tempo para isso também, não acha?

Então, que tipo de coisas devemos celebrar? Qualquer coisa pode ser celebrada. Estes são alguns exemplos:

• As conquistas das crianças, como a aprovação no fim do ano; os ensaios para uma apresentação; o aprendizado de uma habilidade; vitórias em um esporte de sua preferência.
• Metas pessoais, como, por exemplo: exercitar-se três vezes por semana por dois meses; seguir à risca uma dieta por um mês, etc.
• Progresso nos estudos: a conclusão de um semestre; passar em um exame importante; a obtenção de um certificado em um campo de estudo.
• O fim de um projeto: melhorias na casa; um reparo importante no carro, a confecção do figurino do espetáculo das crianças, ou terminar de escrever um livro.

Mas espere aí: E quando as coisas não vão bem? Mesmo na falta de algo monumental para celebrar, um pouco de esforço é capaz de revelar “joias” dignas de celebração, mesmo que sejam coisas cotidianas que você jamais pensou comorar:

• Mais um mês de todas as contas pagas.
• Seu filho na pré-escola aprendeu a ler 25 palavras este mês.
• Você não pegou uma gripe que está derrubando todo mundo que você conhece.
• O Senhor o poupou de “emergências” caras, tais como reparos no carro, acidentes ou doenças.
• Recebeu boas notícias de amigos ou colegas missionários.
• Aprendeu a usar um programa de computador.
• O Senhor abriu a porta para seu grupo usar o salão de festas do condomínio para estudos bíblicos.
• Você ou outra pessoa perdeu tantos quilos.
• Os resultados dos seus exames médicos foram bons.

Li um artigo recentemente em que Mike Robbins conta a seguinte história que muito me impressionou:

Faz alguns anos, a caminho do aeroporto de Houston, depois de palestrar em um evento promovido pela Chevron. O motorista do taxi e eu tivemos uma interessante conversa sobre a vida, a família e a cultura americana. Perguntei ao taxista nascido na Etiópia e residente nos Estados Unidos fazia 20 anos:

— Como você avalia a cultura americana, já que você não cresceu aqui?

— Posso ser sincero? — perguntou depois de uma pausa longa.

— Certamente!

— Acho a maioria das pessoas nesta cultura se comportam como fedelhos mimados — sentenciou.

— Por que você diz isso?

— Mike, sou etíope … todo dia é um bom dia. Não entendo por que as pessoas não andam por aí com as mãos para os céus dizendo “OBRIGADO! OBRIGADO! OBRIGADO!”[4]

Não é mesmo? Especialmente nós, que conhecemos o Senhor, deveríamos sempre erguer as mãos e agradecer ao Senhor repetidamente, pois somos tão abençoados.

Estas são algumas dicas práticas para celebrar:

1.   Uma celebração não tem de ser cara. Na verdade, pode não custar um centavo.

Algo como um banho relaxante, sentar-se ao ar livre saboreando seu suco favorito, compartilhar uma taça de vinho com um amigo, telefonar para alguém para contar uma boa novidade, comer pipoca enquanto assiste a um filme antigo ou aproveitar uma refeição para expressar sua gratidão a alguém.

2.   Uma celebração pode ser simples; não tem de ser algo rebuscado nem que requeira um planejamento trabalhoso.

Não se deixe assustar pela palavra “celebração”. Não é preciso muito tempo, incômodo ou dinheiro. Não tem de ser algo grande nem um evento complicado. Pode ser algo simples como um reconhecimento, um brinde durante o jantar em honra de alguém ou para destacar uma meta coletiva alcançada.

3.   Celebre tão logo quanto possível.

4.   Tente celebrar quando não estiver morto de cansado.

Você vai desfrutar mais, participará melhor e será uma companhia mais agradável para os demais envolvidos.

5.   Tire fotos para ter um registro visual que remeta à conquista. São memórias importantes.

6.   Faça algo que você (ou a pessoa que você está celebrando) goste.

Celebrar deve ser divertido, agradável e relaxante. Não deve ser algo estressante para a pessoa homenageada, pois derrotaria o propósito.

7.   Quando você tem uma meta grande ou longa que demore meses ou anos para ser alcançada, planeje mini celebrações para as várias etapas do processo.

Um autor aconselha: “Não espere para celebrar até que você tenha realizado TUDO que se propôs fazer. Celebre a superação das etapas. Isso fortalece o compromisso com as metas e dá energia para continuar.”[5]

A celebração é um hábito que deve ser cultivado. Se não for o seu forte, não se preocupe. É possível melhorar. É algo que eu preciso e planejo melhorar. Quero celebrar mais minha vida!

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Notas

A menos que indicado ao contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.