Virtudes para os seguidores de Cristo: Amor
Abril 16, 2024
por Peter Amsterdam
Virtudes para os seguidores de Cristo: Amor
[Virtues for Christ-Followers: Love]
Em nosso estudo sobre o livro de Gálatas, no capítulo 5, destaquei onde Paulo diz aos leitores a viverem "pelo Espírito" e a não priorizarem "os desejos da carne".1 Ele relaciona vícios e adverte os gálatas – e todos os crentes, como fizera antes – que os que fizerem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.2
Então, Paulo contrasta a "lista de vícios" com a "lista de virtudes", na qual enumera os frutos do Espírito que se manifestarão na vida dos crentes. "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio." 3 Esses frutos devem estar presentes na vida dos crentes
Essas excelentes qualidades espirituais — ou virtudes, termo que usarei nesta série — são frutos do Espírito, que não é o mesmo que os resultantes da força ou do caráter humano. Nesta série, analisaremos cada uma das nove virtudes, incluindo citações e comentários que espero que os estimulem a cultivarem essas virtudes e se tornarem mais semelhante a Cristo, para que outros vejam o Espírito de Deus brilhando em nossas vidas e sejam atraídos para Ele. (Para um estudo mais aprofundado sobre cada uma dessas virtudes, veja a série Mais Como Jesus.)
Embora não haja uma ordem específica para essas virtudes, o amor aparece em primeiro lugar, e em 1 Coríntios 13 aprendemos que "o maior” -- superior à fé à esperança e ao amor – “é o amor”. Jesus disse: " O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”.4
O artigo a seguir ilustra o poder do amor de Deus e nossa grande necessidade dele.
A Virtude Maior
Nada se assemelha ao poder do amor de Deus. Tem a capacidade de curar um coração partido, reparar uma ferida emocional profunda e resgatar um relacionamento despedaçado. Em suma, o amor faz todas as coisas novas. O apóstolo Paulo entendeu isso. Ele escreveu: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine".5 Em outras palavras, sem o amor de Deus, ele não passava de uma lata vazia. O mesmo vale para nós.
Em uma escala de um a dez, o amor de Deus é dez, superando em importância todas as demais virtudes. É paciente e bondoso – longânimo, cheio de esperança e ânimo. Nunca desanima. Sempre constrói e se recusa a derrubar. Nunca tem pressa. Não é contundente, exigente nem egocêntrico.
O amor espera pelo melhor de Deus, venha quando vier e seja lá o que for. Não entra em pânico diante da provação, da derrota ou do medo. Não se agarra às soluções humanas, mas procura sempre fazer a vontade de Deus. O amor é gentil, terno e compreensivo. Busca o que é de melhor interesse dos outros, ignora ofensas e é muito generoso.
“Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.”6 Espera o reconhecimento e a exaltação da parte de Deus. Credita a Ele qualquer sucesso pessoal e reconhece as contribuições dos outros. Sempre comemora a virtude dos outros, não ostenta nem provoca os demais, mas em todas as coisas é humilde.
O amor não é rude. É educado e cortês – mesmo com aqueles que são grosseiros, mal-humorados e nocivos. O verdadeiro amor nunca prioriza seus próprios interesses, mas prefere os outros. Não se irrita com o comportamento alheio e se recusa a julgar, deixando isso para Deus. Não mantém um registro mental de ofensas recebidas nem se deleita com o mal, mas se alegra com a verdade. Recebe cada dia com alegria e com um sorriso. Pensa nas coisas boas e encontra a felicidade na simples obediência a Deus.
Paulo conclui sua descrição escrevendo "O amor nunca falha”7 e o amor de Deus nunca falhará. Isso não apenas indica que Seu amor nunca se esgotará, mas também que sempre é a resposta adequada para qualquer situação. Quando estendemos o amor de Deus pelos outros — especialmente por aqueles que nos prejudicaram e se opuseram a nós — somos libertados de sentimentos de rancor, raiva, rejeição, hostilidade e incapacidade de perdoar.
Aprender a amar a Deus e aos outros como Ele ama você, desvendará lugares em seu coração onde você nunca se aventuraria sozinho. Uma coisa é certa: viver à luz do Seu amor é conhecer o desvelo de um amoroso Pai celestial. —Charles Stanley, The Power of God's Love
Há dois aspectos do amor para os quais somos chamados, como Jesus destaca em Mateus 22: o amor a Deus e o amor ao próximo. É claro que eles estão inter-relacionados, pois o amor que temos pelo próximo é uma expressão de nosso amor por Deus e da presença de Seu Espírito em nossas vidas, já que Deus é amor. "Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.”8
O amor de Deus é retratado em toda a Bíblia como aquele que nos busca ativamente, procura se relacionar conosco e nos aproximar dEle, como vemos nas seguintes citações:
O cristianismo não é simplesmente uma religião, regras ou rituais, mas é um relacionamento. Não é um relacionamento qualquer, mas o que a Bíblia compara a um casamento, no qual deve haver intimidade, transparência, comunicação aberta, esperanças e desejos compartilhados. A Bíblia nos diz: "Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome”9 e que pertencemos a outros “àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que venhamos a dar fruto para Deus.”10 —Ronan Keane
Nosso Deus não está pacientemente esperando que Lhe ofereçamos amor, mas nos busca ativa e vigorosamente... É o pai que corre para abraçar o filho pródigo, mesmo antes que o rapaz expresse qualquer arrependimento. É o fazendeiro louco que dá um dia inteiro de salário a homens que sequer trabalharam. É Jesus perdoando a mulher pecadora antes mesmo que ela expressasse seus pesares. É o rei generosamente oferecendo um banquete para os mendigos. São símbolos de um Deus cujo amor por nós é tão ativo, tão forte, que, pelos padrões humanos Ele seria, pelo menos, considerado louco.—Andrew Greeley
O traço de caráter primordial de Jesus é o amor e toda a história do Evangelho é tecida com amor. Às vezes não é fácil e muitas vezes requer sacrifício, mas amar nos torna mais semelhantes a Jesus.—Steven Furtick
Quando pensamos em como orientar nossas vidas pelo mandamento bíblico de amar o próximo como a nós mesmos, não raramente nos lembramos da bela parábola do Bom Samaritano em Lucas 10. A história é a resposta de Jesus à pergunta: "Quem é o meu próximo?" As citações a seguir, começando com trechos de um artigo que escrevi sobre a parábola do Bom Samaritano, expressam a resposta a essa pergunta tão importante:
Ao perguntar “Quem é meu próximo?”, o jurista queria uma resposta categórica, preto no branco. Mas Jesus não lhe ofereceu uma lista limitada de quem o estudioso teria a responsabilidade de amar ou considerar “próximos”, mas ensinou que “próximo” é todo aquele que Deus coloca no seu caminho que tenha alguma necessidade.
Com essa parábola, Jesus deixou claro que o nosso próximo é quem precise de nós, independentemente de sua raça, religião ou posição na comunidade. A mensagem de Jesus tornou evidente não haver limites quando se trata por quem deveríamos ter amor e compaixão. A compaixão vai além das exigências da lei. Devemos inclusive amar nossos inimigos.
Ainda que muito provavelmente os homens e mulheres que encontramos pelo caminho não estejam fisicamente à morte nem jogados à beira da estrada. Muitos, porém, precisam de amor, compaixão, de uma mão amiga, de alguém que esteja disposto a escutar suas mágoas, que os faça sentir que, sim, são importantes, que alguém importa com eles. E se Deus colocou você no caminho de alguém em necessidade, deve o estar chamando para ser o próximo dessa pessoa.
Jesus definiu o padrão de amor e compaixão nesta parábola e concluiu dizendo para mim e para você —os ouvintes de hoje: “Vai, e faze da mesma maneira”. —Peter Amsterdam, O Bom Samaritano
*
Cada um de nós está cercado todos os dias por seus próximos. Eles estão à nossa frente, atrás de nós, ao nosso lado. Estão onde quer que vamos. Eles estão empacotando compras de supermercado e participando de reuniões da Câmara Municipal. Estão segurando placas de papelão nas esquinas e rastelando o gramado na casa ao lado. Jogam futebol no colégio e entregam a correspondência. São heróis, prostitutas, pastores e pilotos. Moram nas ruas; projetam nossas pontes; frequentam seminários; vivem em prisões. Eles nos governam; nos incomodam e estão em todos os lugares que olhamos. Uma coisa que todos temos em comum: somos todos próximos de alguém e eles são nossos próximos. Esse tem sido o simples e brilhante plano de Deus desde o início. Fez um mundo inteiro de próximos. Nós o chamamos de Terra, mas Deus vê como um bairro enorme. —Bob Goff, Everybody, Always
Definimos quem é o próximo pelo nosso amor. Alguém se torna nosso próximo quando zelamos por ele. Portanto, não definimos primeiro uma classe de pessoas que serão nossas próximas, para então, oferecer-lhes nosso amor. Jesus habilmente rejeita a pergunta "Quem é o meu próximo?" e substitui a única pergunta realmente relevante aqui: "Quem eu tratarei como próximo?" —Dallas Willard, A Conspiração Divina
É bom fazer um balanço de tempos em tempos do nosso desempenho em "amar os outros como a nós mesmos" e determinar maneiras de crescer e melhorar, como ilustram os seguintes trechos de dois artigos.
A Prerrogativa do Amor
O amor sempre dá, perdoa, sobrevive.
E sempre de mãos abertas.
E enquanto vive, dá.
Pois essa é a prerrogativa do amor.
Dar, e dar, e dar. —John Oxenham
Jesus nos diz: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa vocês receberão? Até os publicanos fazem isso! E, se saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo demais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês.”11
Talvez você diga: “Falar é fácil…”. Você nem tem certeza se quer amar aqueles que o magoaram ou prejudicaram. Afinal, não merecem. Seria melhor manter distância do chefe mal-humorado, do ex-amigo que o prejudicou, daquele colega de trabalho que falava mal de você pelas costas.
Uma das coisas mais maravilhosas sobre o amor de Deus é que ele pode neutralizar nossas reações e preconceitos, tão típicos da natureza humana. Mesmo quando Deus não gosta das coisas que algumas pessoas fazem ou como se comportam, ainda as ama. Não é assim que Ele está conosco? Nunca deixa de nos amar, por piores que sejam nossos defeitos, falhas e apesar do que fazemos. Jamais nos rejeita nem retém Seu amor. Sempre tem esperança por nós, por mais que tenhamos nos desviado.
Para termos esse tipo de amor que Ele quer que tenhamos pelos outros, basta pedirmos. "O amor cobrirá uma multidão de pecados."12 Sempre que você Lhe pedir, Deus lhe dará essa graça e esse amor para perdoar os outros.
Como é o "amor em ação" sobre o qual a Bíblia ensina?
A Bíblia nos mostra como Jesus demonstrou compaixão e desvelo por meio de Suas palavras e ações. Jesus nos deu inúmeros exemplos de como traduzir o amor em ação: orando, viajando longas distâncias para oferecer conforto e cura aos doentes e moribundos, passando tempo em quietude com Deus e muito mais. Nunca pediu elogios ou reconhecimento pela Sua generosidade e por como amou os outros. Chamou-nos para amar uns aos outros. Quando demonstramos desvelo e amor pelo próximo, temos a oportunidade de aproximar as pessoas dEle.13…
As Escrituras ensinam como oferecer esperança às pessoas em momentos difíceis. Uma grande amiga de nossa família faleceu recentemente vítima do coronavírus. Ela e o marido foram os primeiros a nos dar as boas-vindas no bairro. Chegaram à nossa porta carregando flores de cores vivas. Com o tempo, eles nos contaram sobre suas vidas e nós sobre as nossas. Formou-se uma amizade maravilhosa e quase todos os dias nos víamos, ríamos juntos e tínhamos conversas profundas.
Quando ela foi diagnosticada e internada no hospital, os vizinhos imediatamente ofereceram ajuda. Pessoas se revezavam para preparar refeições, outros vizinhos cuidavam do gramado, limpavam as lixeiras externas e faziam as compras de supermercado. Todas essas pessoas estavam colocando o amor em ação...
Temos a oportunidade de compartilhar o amor e a glória de Cristo em todos os momentos. Quer sejamos fisicamente capazes de agir ou não, temos maneiras de compartilhar Seu amor. Quando não soubermos como demonstrar amor fisicamente em ação, podemos orar.
Todos os dias há oportunidades para mostrar amor em ação, tais como cuidar de amigos doentes, ajudar o próximo nas tarefas domésticas, segurar as mãos de alguém enlutado, ou apenas ficar quieto e ouvir. Deus sempre dos dá alternativas para demonstrarmos o amor.
Há momentos em que temos dificuldade em demonstrar amor em ação? Sim. Somos humanos e temos defeitos. Nessas horas, busquemos o Pai por Sua orientação. 14—Melissa Henderson15
Para pensar
“Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós” (1 João 4:12).
“Queremos aprender a viver para que nossa própria presença fale do amor e da graça perdoadora de Deus.” —Richard Foster, Celebration of Discipline
“Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25:40 RSV).
“Jesus disse que quando nos amamos uns aos outros desinteressadamente e atendemos às necessidades de pessoas pobres e necessitadas, isoladas e sofridas, na realidade estamos fazendo por Ele.”—Bob Goff, Everybody, Always
(Continua.)
Nota
A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução NVI.