Jesus — Sua Vida e Mensagem: A Pergunta de Jesus e a Oferta da Viúva

Fevereiro 9, 2021

por Peter Amsterdam

[Jesus—His Life and Message: Jesus’ Question and the Widow’s Offering]

No capítulo 12 do Evangelho segundo Marcos, uma série de tópicos são abordados, incluindo a parábola dos lavradores, o pagamento de impostos e a ressurreição. No final deste capítulo, dois tópicos adicionais são abordados: a paternidade do Messias e a oferta da viúva.

Pergunta de Jesus

Os três Evangelhos Sinópticos[1] falam de uma pergunta difícil que Jesus fez aos Seus oponentes.[2] Vamos nos basear no relato encontrado no Evangelho segundo Marcos.

Enquanto ensinava no templo, Jesus perguntou: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi, falando pelo Espírito Santo, declarou: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. O próprio Davi chama-lhe Senhor. Como, pois, pode ser seu filho?[3]

Jesus estava ensinando na área do Templo, como sempre fazia. Fez uma pergunta sobre por que os escribas diziam que o Messias era o “filho de Davi”. É fácil entender por que diziam isso, uma vez que as promessas messiânicas do Antigo Testamento se referem ao Messias vindo do “ramo” de Davi.

Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro. Este será o seu nome, com que o nomearão: O Senhor, Nossa Justiça.[4] 

Naqueles dias e naquela época farei brotar um Renovo justo da linhagem de Davi; ele fará o que é justo e certo na terra.[5]

Do tronco de Jessé brotará um rebento, e das suas raízes um renovo frutificará. Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.[6]

Marcos, autor desse Evangelho, entendeu isso como um ensinamento de que o Messias é filho de Davi, mas apontou que esse entendimento por si só era inadequado. Jesus é muito mais do que isso, a pergunta era para gerar a resposta “O Messias não é apenas o filho de Davi; é, primeiramente, o Filho de Deus.”

Vale notar que em todo o Novo Testamento encontramos referência a se sentar ao lado direito. Essa expressão se refere a um lugar de honra, dignidade e autoridade. O Novo Testamento faz referência a Jesus estar à direita de Deus.

É Cristo quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.[7] 

Mas este, havendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus. Daí por diante espera que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés.[8]

E qual a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.[9]

A Oferta da Viúva

Marcos[10] e Lucas[11] nos trazem o relato de uma viúva que doou todo seu dinheiro a Deus. Vamos nos concentrar na passagem encontrada no Evangelho segundo Marcos.

Estando Jesus assentado diante do gazofilácio, observava a maneira como o povo lançava ali o dinheiro. Muitos ricos depositavam grandes quantias.[12]

Jesus estava no Templo em Jerusalém. O tesouro do Templo estava localizado na área chamada Tribunal das Mulheres. Nesta área, havia treze urnas que tinham aberturas em forma de trombeta no topo, nas quais as pessoas podiam colocar dinheiro para doar ao templo.

Cada urna era para um tipo específico de oferenda que ia para o funcionamento diário do templo, incluindo os sacrifícios animais que eram feitos diariamente. As urnas foram designadas para ofertas específicas, como oferendas de aves, madeira, incenso e ouro para o propiciatório. Os valores depositados nessas urnas eram administrados pela liderança do templo e usados para seu propósito designado. Havia também seis urnas não designadas para usos específicos, cujo conteúdo poderia ser usado para ajudar os pobres.

Jesus estava sentado no Templo, em um lugar onde Ele podia observar a realização dos depósitos nas caixas de oferenda. Muitos dos doadores eram ricos proprietários de terras que viviam na região de Jerusalém; outros, prósperos empresários judeus que tinham viajado para a capital para celebrar a Páscoa. Alguns eram agricultores locais e comerciantes.

Vindo, porém, uma viúva pobre, lançou duas pequenas moedas, correspondentes a um quadrante.[13]

A palavra grega usada aqui para as pequenas moedas é lepta. O leptón era uma moeda de cobre que tinha menos de um centímetro de diâmetro, e era a menor denominação monetária de então. O valor das duas lepta era de 1/64 de um  denariu. Um denariu era considerado o pagamento normal para um dia de trabalho. O valor da oferta da pobre viúva era financeiramente minúsculo, pois basicamente só podia comprar farinha suficiente para uma pequena refeição. No entanto, Jesus viu outras dimensões daquela oferta.

Chamando os discípulos, Jesus lhes disse: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que todos os ofertantes.[14]

Jesus aproveitou o ensejo para ensinar aos Seus discípulos. Ao começar a frase com em verdade, deu ênfase tanto à importância quanto à veracidade do que estava prestes a dizer. A tradução literal desta pobre viúva é “esta viúva, a pobre”, o que ressalta a pobreza. Não nos disseram como Jesus sabia que a mulher era viúva. Provavelmente devido à maneira como ela se vestia.

Todos deram do que lhes sobrava, mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, todo o seu sustento.[15] 

Era bastante comum, antigamente, que as viúvas passassem por privações econômicas e  a mulher em questão não era exceção. No entanto, apesar da grande dificuldade, deu tudo o que tinha. Jesus fez a comparação entre aqueles que deram do que lhes sobrava e a mulher que doou tudo o que tinha.

Jesus não estava criticando os que doaram o excedente, mas ressaltando o custo para aquela mulher de sua contribuição, mesmo sendo um valor baixo. Um autor escreveu:

O tamanho da doação nem sempre indica abnegação. Na verdade, pode ser enganoso. Muitas vezes, a pequena doação tem maior custo. Jesus mostra aos discípulos que não é o número das moedas, mas a natureza do coração que as dá. Pequenos donativos podem não ser valorizados ou nem mesmo notados, mas, às vezes, são as maiores doações.[16]


Nota

A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright ©2001, por Editora Vida.


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[1] Mateus, Marcos e Lucas.

[2] Mateus 22:41–46, Marcos 12:35–37, Lucas 20:41–44.

[3] Marcos 12:35–37.

[4] Jeremias 23:5–6.

[5] Jeremias 33:15.

[6] Isaías 11:1–2.

[7] Romanos 8:34.

[8] Hebreus 10:12–13.

[9] Efésios 1:19–21.

[10] Marcos 12:41–44.

[11] Lucas 21:1–4.

[12] Marcos 12:41.

[13] Marcos 12:42.

[14] Marcos 12:43.

[15] Marcos 12:44.

[16] Bock, Luke Volume 2, 1647.